07 mai, 2016 - 16:55
O antigo primeiro-ministro José Sócrates acusou, este sábado, Pedro Passos Coelho de "não ter compreendido o simbolismo da inauguração do túnel do Marão".
"Tarda em compreender o simbolismo desta obra. Isto é mais do
que uma obra pública, é mais do que um túnel, isto é um reencontro do país
consigo próprio, com uma identidade regional que há muito tempo estava afastada
do desenvolvimento", comentou o ex-governante socialista, depois
de Passos Coelho ter recusado o convite para estar presente.
O antigo primeiro-ministro socialista disse ter-se deslocado este sábado ao Marão para participar na inauguração daquela obra pública, no sentido de assinalar "que o Governo português agora faz convites como antigamente se fazia, com a grandeza e decência democrática".
"Por isso, decidi corresponder a esse convite, para respeito com o Governo e para com o que isto significa para os transmontanos e para todo o país", acrescentou.
Sócrates insistiu: "O facto de ter sido convidado, apenas nos diz que este novo Governo cumpre aquilo é a decência e a grandeza democrática. Já no meu tempo era assim, nós convidávamos todos os anteriores governantes para a inauguração de obras que tinham tido a sua participação".
Sobre a importância da infra-estrutura, o antigo governante afirmou aos jornalistas que não se trata "apenas de mais uma obra pública".
"Este túnel do Marão significa que, de uma vez por todas, se põe termo a um tempo em que havia os de cá e os de lá. Esta obra pública significa um reencontro do país consigo próprio, em que o território português fica uma pouco mais justo e um pouco mais igual", declarou.
"Esta obra foi também uma obra política no sentido em que houve uma decisão política", acrescentou.
"A verdade é que em 2005 morriam aqui 22 pessoas por ano, era essa a média de sinistralidade. Quando este túnel abrir, as previsões são que morra entre zero e uma pessoa. Portanto, esta ligação entre Amarante e Bragança significa que o país fez um esforço e um investimento para poupar vidas”, disse o antigo primeiro-ministro, minimizando o custo da obra.
“Se pensarem nos custos para o país dos acidentes nos últimos 30 anos, isso pagaria este túnel", disse José Sócrates.
Costa saúda Sócrates pelo contributo para a obra
O primeiro-ministro disse que inaugurar o Túnel do Marão abre séculos de oportunidades para Trás-os-Montes e, na pessoa de José Sócrates, saudou todos os que contribuíram para a sua conclusão.
"Hoje é um dia histórico para o país com a inauguração desta infraestrutura", afirmou António Costa, no seu discurso que teve como palco o interior de uma das galerias do Túnel do Marão.
"E quero, na pessoa do senhor engenheiro José Sócrates, cumprimentar e saudar todos aqueles que desde 2007 até hoje contribuíram para que esta obra tenha sido concluída", salientou.
O primeiro-ministro aproveitou para homenagear os que trabalharam e projetaram esta obra e os autarcas que se bateram pela conclusão da autoestrada que liga Amarante a Vila Real.