Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Presidente da CMVM elogia recapitalização das empresas

06 mai, 2016 - 00:45

Carlos Tavares diz que "o crescimento não se faz com empresas sub-capitalizadas”.

A+ / A-

O economista Carlos Tavares, que preside à Comissão dos Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) e foi ministro da Economia, elogiou o Governo por incluir no seu programa a recapitalização das empresas.

Falando "numa conversa na sua terra sobre economia e não sobre o sistema financeiro", Carlos Tavares disse desde há muito defender que "o crescimento não se faz com empresas sub-capitalizadas", o que "finalmente foi compreendido".

"Uma das boas notícias do actual Governo foi a referência no seu programa à recapitalização das empresas e não apenas da banca", disse, observando que esse não foi o entendimento do governo anterior.

Para o presidente da CMVM, "há uma lacuna que é essencial preencher no mercado financeiro, de serviços de captação de capital para ajudar a consolidar as empresas, uma vez que não existem bancos de investimento virados para as PME".

"As empresas não precisam de mais crédito, mas de capital, porque a banca concedeu crédito a mais e têm hoje taxas de endividamento elevadas, com encargos financeiros que absorvem boa parte da sua rentabilidade", disse.

Na sua intervenção num jantar/conferência sobre "A Internacionalização e o Investimento da Indústria Inteligente", promovida pela Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA) e pela Câmara de Estarreja, Carlos Tavares mostrou clara discordância com a política que tem estado a ser seguida pelo Banco Central Europeu (BCE).

Na sua perspectiva, ao manter as taxas de juro inalteradas, o BCE está a tornar "viáveis" investimentos que a prazo não o vão ser, porque as taxas de juro terão que subir e por ser um desincentivo à poupança, "a outra face do investimento e que é a mais baixa de sempre no país".

Na sua exposição sobre Economia, Carlos Tavares procurou desmontar o que considerou "ideias feitas que aparecem como verdades absolutas" e entre elas a "obsessão" pela internacionalização.

"É importante a procura de mercados maiores, mas nenhuma empresa é forte no mercado dos outros se não for forte no seu", disse, considerando que é preciso cuidar do mercado interno, já que, por vezes, o regozijo pelo ganho de pequenas posições nos mercados externos é simultâneo com a perda significativa de mercado a nível nacional.

"Houve muito entusiasmo, mas mais importante do que o volume de exportações é o valor acrescentado. Muitas empresas voltaram-se para o exterior para manter a atividade, mas comprimindo as margens até sair do mercado e o que é essencial é exportar mais valor", comentou.

João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, criticou "as reformas dos últimos anos, assentes em corte nos investimentos e redução dos direitos laborais e sociais, apelando a uma convergência em torno do Plano Nacional de Reformas, para que haja "estabilidade nas políticas, estratégias e objectivos".

Referiu a importância da introdução de tecnologias digitais nas empresas de sectores tradicionais e explicou a forma como o governo está a preparar a "quarta revolução" industrial, a Indústria 4.0, em que Portugal não está condicionado pela periferia para estar na linha da frente dessas transformações.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+