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Banco de Portugal contra taxas de juro negativas no crédito à habitação

27 abr, 2016 - 17:58

Governador defende que a taxa Euribor já não reflecte os custos de financiamento dos bancos quando concedem empréstimos. Por isso, deve ser criado um indexante autónomo que aproxime o custo dos créditos à remuneração dos depósitos.

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O governador do Banco de Portugal é contra a aplicação integral pelos bancos de taxas de juro negativas nos créditos e já enviou ao Governo uma carta para evitar que as instituições tenham de pagar pelos empréstimos concedidos aos clientes.

Em audição na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, Carlos Costa disse que enviou uma carta ao ministro das Finanças, Mário Centeno, a 5 de Abril em que sugeriu alterações à lei.

O supervisor mostra-se contra a obrigatoriedade de os bancos reflectirem integralmente o valor negativo do indexante de referência, que normalmente é a Euribor, o que tem impacto sobretudo nos contratos de crédito à habitação.

No limite, esta situação podia levar um banco a ter de pagar pelo dinheiro emprestado, abatendo capital em dívida, caso a taxa de juro final do crédito seja negativa e anule mesmo o `spread`, que é a margem de lucro do banco.

Carlos Costa considera necessário ter em atenção os "efeitos sobre o sistema financeiro" de eventuais alterações legislativas e alertou para a geração de "custos irreversíveis médio e longo prazo" sobre os bancos.

O governador defende que a taxa Euribor já não reflecte os custos de financiamento dos bancos quando concedem empréstimos. Por isso, deve ser criado um indexante autónomo que aproxime o custo dos créditos à remuneração dos depósitos.

"Em relação aos contratos de crédito a celebrar no futuro, poderia equacionar-se a possibilidade de construção de um indexante alternativo, representativo da remuneração média dos depósitos no sistema bancário português", disse Carlos Costa, no Parlamento.

Comentários
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  • Vasco Lopes
    02 mai, 2016 Pedroso 14:33
    Tenha vergonha ao sugerir uma medida destas. Quando a Euribor estava a níveis altíssimos não foi sugerido nada para que as famílias pudessem fazer face às despesas que não paravam de aumentar. Agora que apenas se está a aplicar as regras que os bancos puseram, e pelo que nunfa se imaginou taxas negativas tem que se criar um mecanismo alternativo. Conclusão, é sempre a olhar para os bancos. E devolver ao povo o que os bancos roubaram? Onde anda o Governador nessas alturas? Os pequenos investidores que perderam as suas poupanças com o BES e BANIF ? Como ficam? Mas o melhor é mesmo: TENHA VERGONHA!!!
  • Egidio Santos
    30 abr, 2016 olhao 11:30
    Temos uma instituicao nao eleita democraticamente, a condicionar a vida de milhares de portugueses. Este governador e um grande aldabrao e esta ao servico dos abutres da banca.
  • Algarvio
    28 abr, 2016 Faro 13:12
    O senhor governador devia andar mais preocupado com a roubalheira com que a banca contempla quem pouco tem. Pergunto, quando a euribor mudar o rumo actual e começar a subir é vai propor indexar ao que a banca remunera pelos depósitos ou ai já não conta, lembro o ano 2008, ai a banca não tinha problema era só grandes lucros. Actualmente a banca não perde só não ganha a margem que pensou mas isso não é o que acontece com o comum dos cidadãos?
  • Filipe
    28 abr, 2016 Amadora 12:32
    O senhor governador escreve assim: Por isso, deve ser criado um indexante autónomo que aproxime o custo dos créditos à remuneração dos depósitos. já a gora não quer criar outro para quando começar a subir e o meu ordenado já não puder suportar

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