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Papa rejeita equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas do mesmo sexo

08 abr, 2016 - 11:00

Na exortação apostólica sobre a família, Francisco reafirma a dignidade de todas as pessoas independentemente da sua orientação sexual.

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Na exortação apostólica pós-sinodal que foi publicada esta sexta-feira, o Papa refere-se ao trabalho dos padres sinodais e afirma que com eles examinou “a situação das famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos”.

Neste sentido, Francisco expressa o desejo de “reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar ‘qualquer sinal de discriminação injusta’ e particularmente toda a forma de agressão e violência.

Nesta sua preocupação, Francisco deixa também uma mensagem aos agentes pastorais que, defende, devem “assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida”.

No parágrafo seguinte Francisco esclarece, todavia, que “os Padres sinodais anotaram, quanto aos projectos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família.”

Acrescenta-se ainda uma firme rejeição de qualquer intervenção política que pressione a Igreja a aceitar práticas diferentes nesta matéria.

Durante os sínodos, em particular o primeiro, esta questão fez correr rios de tinta. Houve polémica quando o relatório intercalar do sínodo de 2014 incluiu algumas referências aparentemente elogiosas das uniões homossexuais.

No parágrafo 50 lia-se: “Sem negar os problemas morais relacionados com as uniões homossexuais, deve ser apontado que existem casos em que o apoio mútuo, ao ponto de sacrifício, constitui um apoio precioso na vida dos parceiros.”

A inclusão desta frase levou a uma onda de revolta de muitos dos próprios bispos que insistiam que ela não reflectia de forma alguma o conteúdo das discussões.

Outra polémica envolvia o parágrafo 50, em parte por causa de uma questão de tradução. “Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã: somos capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes um espaço fraternal nas nossas comunidades? Frequentemente elas desejam encontrar uma Igreja que lhes ofereça um lar acolhedor. As nossas comunidades são capazes de o providenciar, aceitando e avaliando a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimónio?”

O problema é que a versão inglesa do documento, que foi a mais usada pela imprensa, usava o termo “valuing” o que transformava a frase final em “valorizando a sua orientação sexual” e gerou uma enorme discussão. Contudo, a versão italiana, que tinha servido de base para todas as traduções, usava o termo “valutando” que de facto significa “avaliando”.

Contudo, no relatório final do sínodo de 2015 toda esta linguagem mais polémica já tinha desaparecido e agora, na exortação do Papa, restam dois parágrafos que se limitam a sublinhar a doutrina já conhecida da Igreja.

A exortação apostólica “A Alegria do Amor” tem mais de 250 páginas e divide-se em nove capítulos que pretendem abarcar os principais desafios que se colocam à família nos tempos modernos, incluindo a espiritualidade conjugal, a importância da educação dos filhos e dois capítulos mais profundos e catequéticos sobre o amor conjugal. A questão dos divorciados recasados e o acesso aos sacramentos é tratado no capítulo oitavo.

Embora tenha data de 19 de Março, dia de São José, o texto só foi tornado público esta sexta-feira, dia 8 de Abril.

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