07 abr, 2016 - 15:44
Os proprietários do Ceuta, um café com história situado na rua com o mesmo nome, na baixa do Porto, admitem encerrar o estabelecimento se vier a consumar-se um aumento da renda da ordem dos 700%.
A renda actual ronda os mil euros mensais, mas poderá subir para 8 mil. O projecto-lei do PS para o alargamento do período de transição na alteração das rendas das lojas históricas, que será discutido sexta-feira no Parlamento, pode ser um “balão de oxigénio”.
"O senhorio entende que a renda tem que ser aumentada para um valor que vai ser impraticável pagar: cerca de 8 mil euros”, explica Agostinho Silva, filho do proprietário do Café Ceuta.
O pai tomou conta do estabelecimento há quatro décadas e Agostinho segue-lhe as pisadas há quase três anos, mas a paixão pelo negócio não chega para o manter de pé.
Pelo Ceuta, passam e passaram muitos estudantes, nomes ligados à cultura, a profissões liberais e à política. Folheiam-se jornais e o café desperta aqueles que têm um dia de trabalho pela frente. António Leitão tem a sua imagem reflectida nos muitos espelhos da sala - é cliente habitual daquele que classifica como “um café de família”. António não tem dúvidas de que "fechar o Ceuta representaria, certamente, a uma grande perda para a cidade do Porto”.
Projecto-lei do PS pode ser “um balão de oxigénio”
Neste tempo de inquietação para proprietários e frequentadores habituais do Ceuta, surgiu espaço para a esperança, que Agostinho designa como “um balão de oxigénio”: o projecto-lei do PS que visa proteger os proprietários com mais de 65 anos e com um contrato de arrendamento antigo.
O diploma que pretende alargar o período de transição na alteração das rendas das lojas históricas vai ser discutido no Parlamento na sexta-feira. Se for aprovado, o Café Ceuta pode continuar de portas abertas, pelo menos, até 2027.
Enquanto o futuro se mostra incerto, a vontade de manter viva a alma do café portuense permanece intacta. “Gostava de cá continuar durante muitos mais anos”, remata Agostinho Silva.