31 mar, 2016 - 16:23 • Pedro Rios , Ricardo Vieira
A arquitecta Zaha Hadid, a primeira mulher a ganhar o Pritzker, o maior prémio de arquitectura, morreu esta quinta-feira, aos 65 anos.
O gabinete de Zaha Hadid anunciou que a arquitecta morreu subitamente, em Miami, às primeiras horas da manhã. “Ela tinha contraído uma bronquite no início desta semana e sofreu um ataque cardíaco enquanto recebia tratamento no hospital”, refere a mesma fonte.
Tinha dupla nacionalidade iraquiana e britânica. Nasceu em Bagdade, no Iraque, a 31 de Outubro de 1950. Estudou no Líbano e em Londres, onde se formou em arquitectura. Venceu o Pritzker em 2004.
Foi “uma das primeiras mulheres que se assumiu como uma arquitecta autora”, diz à Renascença Ana Tostões, arquitecta e historiadora de arquitectura. A conquista de diversos prémios e a assinatura de projectos em vários países é algo de “absolutamente extraordinário” numa disciplina “muito dominada pelo mundo masculino”, até pela “relação muito forte com a obra, com a construção”.
Para Ana Tostões, Zaha Hadid “foi uma personagem duplamente inovadora: porque afirmou a mulher como arquitecta e porque afirmou um modo de conceber o espaço e de pensar a arquitectura orgânico, mesmo muito sensual.”
Produziu “uma arquitectura muito sensorial, fazendo apelo aos sentidos, por isto também tão polémica”, uma obra que desafiou “os modos tradicionais de construir e conceber a arquitectura” e demonstra “um acento feminino no modo de projectar”.
Um dos seus projectos mais conhecidos é o Centro Aquático de Londres, que recebeu as provas de natação dos Jogos Olímpicos de 2012. Também desenhou o Museu MAXXI, “obra polémica”, em Roma, inaugurada em 2010, dedicado à arte moderna e à arquitectura.
“A Zaha lutou muito para construir as obras dela”, diz Ana Tostões. “Tem muito trabalho anterior que não passou à construção”.
Quando recebeu a Medalha de Ouro do Instituto Real dos Arquitectos Britânicos, Zaha Hadid afirmou estar orgulhosa de ter sido a primeira mulher a receber aquele galardão.
“Agora é normal ver mais mulheres arquitectas estabelecidas”, disse. “Isto não significa que é fácil. Por vezes os desafios são imensos. Houve uma tremenda mudança nos anos recentes e vamos continuar este progresso.”
Obras que “recentram as cidades”
O centro Heydar Aliyev, em Baku, no Azerbaijão, e o parque High Line, em Manhattan, Nova Iorque, são outros dos projectos emblemáticos com assinatura de Zaha Hadid.
Ana Tostões destaca a Dongdaemun Design Plaza, um “centro enorme” que Zaha Hadid projectou em Seul, na Coreia do Sul, “uma obra que é um misto de arquitectura, espaço público, desenho urbano, jardim”. “Uma obra notável que criou um novo centro na cidade de Seul”, algo que Hadid fez em várias geografias: fez “obras únicas, que recentram as cidades e fazem centros urbanos com as suas obras. São obras que acabam por ser âncoras urbanas.”