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Taxa de mortalidade por suicídio aumentou em 2014 e no tempo de crise

24 mar, 2016 - 11:14

Conclusão consta do relatório "Saúde Mental em Números - 2015", da Direcção-Geral da Saúde, que analisou a variação da mortalidade por suicídio, ao longo de três intervalos de tempo.

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O número de suicídios em Portugal aumentou em 2014, segundo o relatório da Direcção-Geral da Saúde sobre doença mental, apresentado, o que vem confirmar que o período de crise económica registou a mais elevada mortalidade por suicídio.

A taxa de mortalidade por suicídio passou para 11,7 por 100 mil habitantes, em 2014, quando em 2012 e 2013 tinha sido de 10,1, por 100 mil habitantes.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) recorda contudo que 2014 foi o primeiro ano em que o registo das causas de morte passou a ser feito através de uma nova metodologia, com 2013 a ser o último ano baseado no certificado médico de óbito registado em papel.

O relatório "Saúde Mental em Números - 2015" analisou a variação da mortalidade por suicídio, ao longo de três intervalos de tempo (1989-1993, 1999-2003 e 2008-2012), concluindo que o período mais recente - "de crise" - apresentou "a mortalidade por suicídio mais alta", assim como "a taxa bruta mais alta".

Entre 1989-1993 e 1999-2003, a taxa de suicídio tinha diminuído 5,4%; já desde o segundo período até 2008-2012 registou-se um aumento de 22,6%.

Homens com taxa três vezes maior

Segundo este estudo por intervalos temporais, os homens apresentam uma taxa de suicídio três vezes maior, assim como os maiores aumentos de taxa, entre os diferentes períodos de tempo analisados.

Há também uma distribuição geográfica marcada no suicídio, que é tradicionalmente menor no Norte e maior na região Sul.

Nas últimas décadas, contudo, esta divisão geográfica Norte/Sul parece ter vindo a esbater-se, "devido ao aumento das taxas na região Centro e no interior da região Norte".

O estudo encontrou ainda uma associação estatística entre os altos níveis de ruralidade e de privação material e a taxa de suicídio aumentada para os homens.

São mudanças recentes nestes padrões que poderão resultar do actual período de crise, indica o relatório.

Segundo o documento da DGS, as perturbações mentais e do comportamento mantêm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos pelos portugueses, com uma taxa de 11,75% - por comparação, a taxa é de 13,74% nas doenças cerebrovasculares e 10,38% nas doenças oncológicas.

As perturbações mentais representam ainda 20,55% do total de anos vividos com incapacidade.


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