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Ferreira Leite: OE é alternativa a "receita" que levava Portugal "ao abismo"

15 mar, 2016 - 17:16 • Sandra Afonso

Medina Carreira, que também participava numa conferência sobre o Orçamento do Estado, acusa o Governo de querer pôr a circular dinheiro que não existe.

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Manuela Ferreira Leite defende que o Orçamento do Estado (OE) é uma alternativa à austeridade de Pedro Passos Coelho, dizendo que com uma repetição da mesma receita dos últimos anos o país caia no "abismo".

Durante uma conferência sobre o OE 2016, a antiga ministra das Finanças do PSD diz que o país precisava de uma alternativa à austeridade seguida pelos orçamentos anteriores. “Não digo nem penso que este seja um orçamento por que nós estávamos à espera, mas digo que é um orçamento que não tem o drama que muitas vezes se desenha em relação a este orçamento, que muitas vezes vem mais de questões políticas do que propriamente por razões técnicas”, disse Manuela Ferreira Leite.

“Mas, por esse motivo, não deixa de ser uma alternativa e um orçamento nesta altura, do meu ponto de vista, teria de ser uma alternativa. A mesma receita levava-nos ao abismo.”

Manuela Ferreira Leite sublinha, no entanto, que este é um documento carregado de riscos. “Este orçamento é uma alternativa muito arriscada do ponto de vista político, muito arriscada do ponto de vista económico, porque se baseia num crescimento que em grande parte não depende de medidas internas, depende muito da conjuntura externa e depois porque tem algumas questões que por motivos ideológicos, por motivos demagógicos são absolutamente erradas. Erradas, ou inúteis. Poderia haver melhores efeitos se não houvesse essas medidas inúteis.”

A ex-ministra das Finanças do Governo de Durão Barroso defende ainda que se o Governo não descer os impostos não vai conseguir pôr a economia a crescer. “Enquanto não estivermos absolutamente focados no aumento do PIB estaremos sempre focados na forma de aumentar impostos. Uma coisa é certa, não vai haver crescimento económico com este nível de fiscalidade.”

Na mesma conferência, o ex-ministro das Finanças Medina Carreira disse que as metas do Governo não são realistas e deixa exemplos. “Vai-se aumentar a despesa pública sem nada que garanta, o que no fundo garantia era uma solução discutível e que eu discordava, que era descer a TSU, mas isso desapareceu pelo caminho. O doutor António Costa esqueceu-se da TSU, que era o que dava um dinheirito folgado para gastar dinheiro. Desapareceu aquilo e não percebo como é que a economia continua a crescer mais ou menos da mesma maneira!”

“Portanto, eu receio muito os próximos meses e não sou daqueles que agora são considerados uma espécie de fascistas disfarçados porque querem que Bruxelas estrague o negócio do Governo. Devo dizer que gostava imenso que este Governo acertasse, porque não vejo jeito de nenhum outro acertar tão cedo", disse Medina Carreira, que chega mesmo a dizer que o Governo quer pôr a circular dinheiro que não existe.

Soberania financeira

No debate foi ainda levantada a questão da soberania nacional, a propósito do sistema financeiro. Trata-se, para Ferreira Leite, de uma ameaça que paira sobre Portugal.

“Neste momento, sem nenhuma ajuda, nós não temos um único banco que não tenha um problema. Isto pode ser uma preparação e um caminho para quando estivermos na união bancária. Essa união bancária pressupõe meia dúzia de bancos importantes e nessa meia dúzia há-de haver um banco para a Península Ibérica e esse banco não vai ser seguramente português", prevê.

“Quando estivermos nessa situação, então decisivamente perdemos a nossa soberania. Quando pergunta onde vão os empresários buscar dinheiro, vão ter que o negociar com Espanha, provavelmente com uma empresa concorrente, em relação à qual esse banco espanhol terá maior afinidade e maior simpatia. Esse é um ponto importantíssimo que ninguém discute neste momento”, lamenta a ex-ministra.

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  • Tony
    16 mar, 2016 Funchal 13:55
    Não sei quem é que ainda paga a este gajo para continuar a dizer senilidades.... "... gostava que este governo acertasse, porque não vejo nenhum outro, acertar tão cedo....".... ainda há uns meses atrás.... eram a desgraça....
  • Rui
    16 mar, 2016 Lisboa 11:17
    O fernando medina em tempo de demissões do governo paf dizia que tínhamos uns políticos no governo que não era para ser levado a sério que eram uma rapaziada que tinham chegado ao poder por via actuarem como moços de recado dentro dos partidos ou seja uns autênticos incompetentes que estavam a prejudicar o pais e os portugueses, e ao mesmo tempo rejeitava a ideia de haver eleições antecipadas para remover de lá aquela corja com medo que fossemos uma nova grecia, assim critica-se reconhece-se que é mau mas ao mesmo tempo desde que não atrapalhe os rendimentos garantidos deixa estar, muitos dos comentários que aqui aparecem tem a ver com isso é da malta que vive à custa das reformas e subsídios e outras regalias do estado que continuam a confiar mais que recebem no fim do mês se forem os povos do norte da europa a trabalhar para eles do que no suor dos portugueses.
  • Alberto
    16 mar, 2016 Funchal 11:08
    Deve estimar-se as "melhoras" da Drª. Manuela F. Leite. Foi pena não estar tão bem de saúde quando foi Ministra das Finanças e até inventou o Pagamento por conta! Se calhar, ao desperdiçar tanta sabedoria, também foi responsável por chegar-se perto do desastre e ser preciso a Austeridade. Se, porém, está só a querer "vingar-se" do PSD e Passos...então será tempo de levar os netos à escola.
  • Mafurra
    16 mar, 2016 Lisboa 10:48
    Como estava é que não podia continuar. Qualquer dia acordávamos e o GANG do PaF tinha tomado conta disto tudo. Mesmo assim mantenham os olhos bem abertos em relação aos Marcos Antónios Costas, aos Relvas, aos Filipes Menezes, aos Oliveiras e Costas, aos Loureiros, aos que "não sabem" que têm de pagar impostos, etc,etc.....
  • v.g
    16 mar, 2016 braga 10:25
    Amnesia pura.
  • Observador
    16 mar, 2016 Fnc 09:29
    Lendo este título e analisando aquilo que opina a D-rª Manuela Ferreira Leite não estaria mais correcto do seguinte modo: Ferreira Leite, OE é alternativa à ( e não "a" ) receita que levava Portugal ao abismo? Note-se que o "à" e o "a" dependendo da acentuação e pontuação pode alterar o sentido daquilo que se pretende! Não será assim?
  • JPTuga
    16 mar, 2016 Lisboa 01:23
    Uma correcção a outra correcção... O Dr. Medina Carreira também foi Ministro das Finanças
  • Carlos Macedo
    15 mar, 2016 Maia 22:43
    Quero ver quanto tempo vai durar o Estado de Graça deste Governo/OE. Quando leio Costa a falar em Rigor só me dá vontade de rir.
  • Amós
    15 mar, 2016 Belém de Judá 21:31
    Esta mulher não sabe o que diz. Será que ela não sabe que é um produto fora de prazo? Boa noite.
  • Álvaro Severina
    15 mar, 2016 Caratão (Mação) 20:06
    Um precisão o Dr Medina Carreira foi Secretário de Estado, não Ministro das Finanças. Quanto ás declarações que, mais uma vez emitiu acerca da nossa situação economico-financeira não são novidade. Trata-se de uma espécie de Velho do Restelo. Quanto à Drª Manuela F Leite e as considerações que produziu subscrevo-as na integra .

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