12 jan, 2016 - 00:17 • Liliana Monteiro
Os suinicultores estão a impedir a entrada e saída de camiões da base de abastecimento do hipermercado Intermarché em Alcanena, Santarém.
Cerca de 150 suinicultores estão a bloquear com veículos a entrada. Contestam a má rotulagem da carne de porco e uma promoção que a cadeia de supermercados está a levar a cabo esta semana.
João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise da Suinicultura, explicou à Renascença as razões deste protesto.
“Ao contrário das acções de sensibilização que temos feito junto da opinião sobre o nosso produto e como o podem identificar nas prateleiras dos híper e supermercados, hoje mudámos um bocadinho a agulha e estamos mesmo numa acção de protesto pela pouca vergonha, fazem de nós gato sapato diariamente com as promoções. Deparamo-nos com uma promoção de 50% na carne de porco, feita pelos senhores o Intermarché, além de que também não cumprem as regras de rotulagem.”
Ficou deliberado, na semana passada, que a venda do quilo de porco ia subir cinco cêntimos, mas João Correia lamenta que tal não esteja a acontecer porque “alguma grande distribuição” está a recusar pagar esse valor.
“O sector está a vender 40% abaixo do preço de produção. Ninguém aguenta uma situação destas”, afirma o porta-voz do Gabinete de Crise da Suinicultura.
Os produtores de porcos acusam o mercado de chamar a atenção dos consumidores com esta carne para ter mais lucro, recusando depois pagar aos produtores o preço justo.
“É com a carne de porco que se consegue chamar o cliente final. Faz-se promoções em cima de promoções, em cima de promoções, porque a carne de porco é o bem de primeira necessidade menos oneroso para a grande distribuição, então brinca-se com a dignidade de quem trabalha 365 dias por ano com os animais para que a carne chegue à mesa dos portugueses”, lamenta João Correia.