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“Picanço” pode ter estado na origem do acidente que matou motorista em Lisboa

19 nov, 2015 - 09:41

Colisão entre ligeiro e autocarro provocou o despiste do pesado e a projecção do seu condutor para fora do veículo, caindo num túnel. Condutor que provocou o acidente já se entregou às autoridades.

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Lisboa. Colisão entre ligeiro e autocarro provoca um morto e seis feridos
Lisboa. Colisão entre ligeiro e autocarro provoca um morto e seis feridos

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas, Manuel Oliveira, admite que o acidente que, esta quinta-feira de madrugada, matou um motorista da Carris decorreu de um despique entre dois condutores de ligeiros.

Um deles não terá respeitado o sinal vermelho e embateu contra o autocarro, fazendo-o despistar-se.

“Estes tipos de situações são recorrentes na cidade e nas zonas limítrofes. Alguém entretém-se a fazer determinados ‘picos’ e as autoridades se calhar são poucas e não chegam, mas tem de haver, de uma vez por todas, alguém que ponha mão nesta situação”, defende Manuel Oliveira.

O condutor do autocarro da Carris morreu depois de não ter conseguido controlar o veículo e se ter despistado, tendo sido projectado. O autocarro embateu no muro do túnel do Campo Pequeno e o seu motorista, de 54 anos, acabou por cair no túnel subterrâneo que faz a ligação entre o Campo Pequeno e o Campo Grande. Não sobreviveu à queda.

Além desta vítima mortal, o acidente provocou seis feridos entre os passageiros do autocarro. Os ocupantes do ligeiro que provocou o acidente terão saído ilesos e o seu condutor entregou-se esta quinta-feira de manhã às autoridades, depois de se ter colocado em fuga na sequência do acidente.

A colisão ocorreu no cruzamento entre as avenidas da República e de Berna, em Lisboa. O trânsito no sentido Entrecampos-Saldanha, no túnel da Avenida da República, esteve interrompido para limpeza das faixas de rodagem e foi restabelecido pelas 7h45.

Cinto não é obrigatório para motoristas de autocarro

“Não, não é obrigatório. É verdade que se o motorista tivesse um cinto de segurança hoje estaria vivo, mas estes autocarros não são equipados com este sistema, na medida em que não é obrigatório”, diz à Renascença o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas.

“Seria, penso, uma despesa acrescida para cada autocarro num equipamento que simplesmente nunca iria ser utilizado, daí a sua não existência”, acrescenta.

Comentários
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  • Alexandra Mariz
    05 jan, 2016 Lisboa 15:08
    Depois de algum tempo decidi pesquisar o que foi noticiado no dia em que tiraram a vida ao meu pai. É com muita tristeza que vejo alguém falar em uso de telemóvel sem conhecer o motorista que ali perdeu a vida. O meu pai sempre foi uma pessoa muito cautelosa e responsável não atendia o telemóvel a conduzir e se o veículo estivesse equipado com cinto de segurança certamente estaria a usar. No seu veículo pessoal nem em alta voz o vi vez alguma atender o telemóvel e ele tinha muita experiência de condução não o fazia por não conseguir mas por ir de encontro com regras que ele sempre respeitou, no seu carro até os cães eram transportados com cintos próprios. Lembro-me que quando tirei a carta e comprei o meu carro o meu pai estava sempre a controlar a minha condução insistiu sempre que o carro era uma arma não um brinquedo, ironia não? E agora assisto a isto pessoas que entre si comentam e criticam posturas, alguém se lembrou que miúdos como estes que têm tempo e dinheiro para andarem com carros alugados de alta cilindrada a altas horas e com estes comportamentos continuam ' á solta' e 'involuntariamente', como a lei assim o define, podem voltar a causar acidentes deste género.... só tem realmente impacto quando nos atinge tão de perto... até lá acreditem que é uma dor que não cabe dentro do peito, que sufoca, que destrói porque o meu pai só saiu para trabalhar e apesar dos seus 54 anos era um homem que fazia inveja a muitos de 25 pela energia e vida que tinha. Amo-te pai
  • antonio
    20 nov, 2015 lisboa 15:23
    Basta estarmos a olhar para os motoristas, todos sempre de telemovel e não só na mão!! não sei se foi o caso, picanço ou sei lá o quê, todos somos culpados, porque tentamos ser "espertalhões" e depois há acidente e lá vamos.... A própria policia também usa e busa do telemovel...basta estar parado e olhar o comportamento dos condutores...uns descaradamente outros a olhar para entre as pernas...e respondendo a sms. Assim se circula morrendo! Vejam os camionistas nas auto-estradas...até o tablet vai em cima do volante....só não vê quem não quer!
  • antonio veloso
    20 nov, 2015 Lisboa 09:02
    Quem anda a trabalhar morre, .......
  • CM
    20 nov, 2015 Lisboa 03:18
    Devia ser preso por muitos anos o causador do acidente,putos irresponsáveis, destroem a vida de uma pessoa e família. Vir bêbado, em alta velocidade, a passar vermelhos na Av. que é e em corridas, são vários abusos para uma pessoa só.
  • Joana
    19 nov, 2015 Casal de Cambra 22:47
    Como esposa de um motorista da carris apenas quero dizer: por favor meu querido marido, usa o cinto caso exista!!! O resto n me interessa nada!
  • Susana
    19 nov, 2015 Queijas 22:10
    E lamentável q perante uma perda humana e uma família despedaçada haja gente a falar de cintos .de Telf ou velocidade ...este acidente aconteceu pq outro condutor n respeitou as regras ...o mais lamentável foi a perda ...o importante sera n existirem mais situações idênticas ...
  • Mário Nunes
    19 nov, 2015 Póvoa Santo Adrião 22:03
    Só mais um reparo nesta infeliz situação... As únicas pessoas que ficaram no local foram as feridas... Todas as outras abandonaram o local sem prestar auxílio. Bela sociedade esta que temos! Todos os trabalhos têm as suas peculiaridades e dificuldades.. Acho que deveríamos, como sociedade, promover o conhecimento do "outro lado" uns aos outros. Temos que acabar com este egocentrismo e funcionar como comunidade que somos. Trabalhamos uns para os outros e deviamos respeitar-nos e ajudar-nos uns aos outros.
  • P.V.
    19 nov, 2015 Vila Franca 21:57
    ...com zonas pré-programadas de deformação. Convido as pessoas daqui a assistirem a uns videos no YouTube de "crash tests" frontais de autocarros e vejam lá se um cinto resolveria alguma coisa. Sobre a noticia em si, só espero que o meu colega tenha sofrido o menos possível e sei que, tal como o conhecia, que ele fez tudo o que pôde para minimizar os danos aos passageiros. Mais uma vez, que descanse em paz.
  • P.V.
    19 nov, 2015 Vila Franca 21:48
    Não tenho por hábito comentar em jornais mas creio que o devo fazer nesta ocasião. Sou profissional da empresa acima mencionada. Conheci o Moisés e a seriedade com que encarava a sua profissão e deixo aqui as minhas condolências à sua familia. Queria apenas comentar para todos os que acham que o cinto de segurança é solução que estão errados. Este infeliz acidente foi uma sequência de eventos que infelizmente acabou com o meu colega projetado para o túnel da Av. da Republica. Acredito que tal tenha acontecido por o mesmo ter tentado se desviar do ligeiro tendo embatido com a frente contra o muro que separa do túnel. Pelo menos depreendo isso pelas fotos que vi até agora. Sobre o assunto "cinto de segurança"... Ser motorista de transportes públicos urbanos (especialmente em Lx) não tem nada a ver com andar a conduzir um ligeiro. Podemos ter de nos levantar e só o facto de termos de fazer movimentos bastante mais acentuados com o corpo seria muito mais dificil com um cinto colocado. Refiro ainda (especialmente para as pessoas de fora de Lx que claramente não devem ter estes problemas nas suas terras) o factor segurança/agressões que em Lx ou Porto é muito mais ocurrente acontecer. Basicamente temos de nos poder mexer à vontade. Um autocarro é construído de maneira diferente de um carro. Basicamente temos uma estrutura em escada (chassis) onde depois é feita uma carroceria consoante o pedido do cliente Um carro actual é todo construido de um monobloco e muito mais seguro...
  • Mário Nunes
    19 nov, 2015 Póvoa Santo Adrião 21:33
    Amigo Moisés... Descansa em paz! Condolências à familia do colega falecido hoje... Agora resposta a toda esta gente que para aqui já se queixa da Carris e dos cintos e dos telefones... 1 - Por vezes aceleramos pois os horários são apertados para os percursos.. E para os estimados passageiros nao ficarem pendurados lá vamos.. Já não falando dos que se queixam de irmos a fazer turismo quando andamos na hora e a cumprir... Sinais vermelhos.. É errado mas é para despachar.. Traços contínuos.. Se não os pisassemos muitas vezes não conseguíamos fazer as manobras.. Paragens fora do recorte.. Ou estão lá carros ou o recorte não se adequa às medidas do autocarro.. 2 - Cinto... Tinha salvo esta vida de facto.. Mas teria sido uma armadilha mortal nas inúmeras vezes em que tentam agredir-nos e nas outras tantas que de facto agridem... Não sei até que ponto seria benéfico. Alguns autocarros já estão equipados com cinto.. Os da série 1700 de cabine fechada. Assim seria preferível termos todos os autocarros com cabine para protecção do motorista e cinto de segurança. O camarada do Sindicato Nacional de Motoristas cometeu uma infeliz gaffe ao queixar-se do custo do cinto... Não se compara à perda do Moisés! 3 - telefones.. Pois.. Isso é um priblema concreto. Muitas vezes os colegas passam o tempo a falar o telefone.. Mas em.muitas dessas vezes também é a estação que nos liga para tratar de serviço... Não confundir estação com central de comando de tráfego que comunica pelo rádio.

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