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Paquistão suspende acordo de readmissão de imigrantes por "mau uso"

07 nov, 2015 - 00:15

O acordo de 2010 destinava-se a facilitar o regresso ao país de imigrantes ilegais paquistaneses e de cidadãos de outros países que tivessem passado pelo Paquistão a caminho da União Europeia.

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O Paquistão suspendeu o seu acordo de readmissão de imigrantes com os países da União Europeia, excepto o Reino Unido, por causa do seu "flagrante mau uso", noticiaram os meios de comunicação estatais.

O acordo de 2010 destinava-se a facilitar o regresso ao país de imigrantes ilegais paquistaneses e de cidadãos de outros países que tivessem passado pelo Paquistão a caminho da União Europeia.

O ministro do Interior paquistanês, Chaudhry Nisar Ali Khan declarou que os países europeus estavam a fazer mau uso do acordo.

"Os paquistaneses que viajam ilegalmente para qualquer país ocidental devem ser deportados após verificação adequada" da sua nacionalidade e de outros pormenores relevantes pelo Paquistão, afirmou o ministro à imprensa, citado pela estatal Radio Pakistan.

Mas o que está a acontecer, explicou, é que "a maioria dos países [ocidentais] está a deportar pessoas sem verificação das autoridades paquistanesas".

Segundo o governante, só no ano passado, 90 mil pessoas foram deportadas de diversos países para o Paquistão.

"Outra tendência perigosa surgiu nos últimos meses, em que paquistaneses que viajavam para o estrangeiro sem documentos eram deportados devido a acusações de terrorismo sem verificação, fossem ou não realmente paquistaneses", prosseguiu.

O ministro não disse quando é que o acordo foi suspenso, nem nomeou qualquer país que tivesse recentemente deportado paquistaneses acusados de terrorismo.

Responsáveis da delegação da União Europeia contactados em Islamabad disseram ignorar a suspensão do acordo.

"Não estamos a par de tal desenvolvimento", disse um responsável da UE à agência de notícias francesa, AFP, solicitando o anonimato.

O anúncio surgiu dois dias depois de a polícia grega ter detido 12 membros de um gangue, nove dos quais paquistaneses, que falsificava documentos para migrantes que tentavam chegar à Europa central.

Cerca de 630 mil pessoas entraram ilegalmente na União Europeia este ano, mais de metade dos quais pela Grécia, e o bloco europeu tem-se debatido com dificuldades para formular uma estratégia para lidar com a crise humanitária.

Os analistas políticos defendem que a jogada de Islamabad só criará mais problemas aos paquistaneses que se encontram ilegalmente em países da UE.

"A tomada de posição é desnecessária e só irá aumentar as dificuldades dos paquistaneses que entram ilegalmente em países europeus", disse o analista político Hasan Askari, acrescentando que exigir aos países da UE que façam a verificação da nacionalidade e de outros pormenores dos imigrantes ilegais implicaria que estes fossem mantidos na prisão até as autoridades paquistanesas completarem o respectivo processo de verificação.

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