15 out, 2015 - 12:16 • Olímpia Mairos
Para contornar os efeitos do aquecimento global na zona da Terra Fria Transmontana, as plantações de castanheiros em Bragança e Vinhais estão a ser feitas a 900 metros de altitude.
O presidente da ARBOREA - Associação Florestal da Terra Fria Transmontana, Abel Pereira, atribui as transformações que estão a acontecer na agricultura transmontana ao aquecimento global e às alterações climáticas das últimas décadas, de que o castanheiro é um testemunho natural.
“As alterações climáticas estão a afectar a produção e estão a fazer com que nós tenhamos castanheiros já a 900 metros de altitude, o que provavelmente há 40 anos era impossível”, afirma Abel Pereira, lembrando que, nessa altura, “acima dos 800 metros não havia castanheiro” e que “hoje há castanheiros a 900 metros”.
“O castanheiro é um grande indicador de que as coisas estão a mudar, com as temperaturas a subir e a precipitação média anual a descer”, nota o dirigente associativo.
Os dados estatísticos indicam que há 20 anos o distrito de Bragança tinha 900 milímetros de precipitação anual e hoje tem 700.
Face a estas alterações, Abel Pereira vaticina: “Onde temos castanheiro, provavelmente daqui a 40 anos teremos oliveiras”. Refere-se à cultura associada à Terra Fria Transmontana (o castanheiro) e à oliveira típica da Terra Quente, mais a sul do distrito de Bragança.
A menor precipitação leva também a “uma descida muito grande a nível de humidade dos solos”, o que implica a necessidade de regar culturas como o castanheiro, tipicamente de sequeiro.
As alterações estão a preocupar os produtores e os responsáveis por esta cultura até porque a castanha é actualmente o produto agrícola mais rentável.
O concelho de Vinhais é o maior produtor nacional de castanha, com uma produção média anual de 15 mil toneladas, que movimentam 25 milhões de euros.