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Entrevista

António Tavares, o autarca que é escritor: "Não me veria, em caso algum, apenas a escrever"

13 out, 2015 - 13:58

"A escrita tem a ver sobretudo com a observação e a leitura do mundo", diz à Renascença o vencedor do Prémio Literário Leya deste ano.

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António Tavares é o vencedor do prémio literário Leya deste ano, com o livro "O Coro dos Defuntos". O escritor, de 55 anos, é vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz. Foi também jornalista e escreveu peças de teatro.

“Quem escreve deve fazer outras coisas, deve viver outras coisas, não deve estar apenas acantonado na escrita”, disse em entrevista telefónica à Renascença depois de saber que tinha vencido o prémio de 100 mil euros.

É mais conhecido como autarca. Como recebeu este prémio?

Eu já era escritor, tinha um romance editado que tinha sido finalista do Leya em 2013, " As Palavras que me Deverão Guiar um Dia". Este prémio recebe-se com alguma admiração, estupefacção, embora haja sempre uma réstia de esperança de que possamos ganhar. Estou muito contente por ter tido este reconhecimento.

Este prémio leva-o a pensar mais como escritor e menos como político? A sua carreira literária, que já é conhecida, pode agora ser pensada de forma mais permanente?

Diria mais séria, mais empenhada. Gosto das funções que exerço, espero pode continuar a servir a minha cidade, o meu concelho, mas obviamente que este prémio faz com que a fasquia fique mais alta. Terei que partir dele como incentivo para poder fazer mais e poder dedicar mais tempo à escrita.

Já tem ideias para um novo livro?

Eu estou sempre a escrever. Já estou a escrever um novo livro.

Considera-se um homem das letras ou um homem da política?

Sempre me considerei uma pessoa das letras. Tenho formação na área do direito. No meu tempo, havia aquela separação entre as ciências e as letras. E o direito era das letras. Mas sempre tive este gosto da escrita. Escrevi muito para teatro, fui jornalista durante muitos anos. Não me tinha aventurado no romance, fiz um há dois anos, foi uma experiência gratificante e decidi continuar. Sempre me senti um homem da cultura e das letras. Aliás, o meu principal pelouro é o da cultura.

Quais serão os seus próximos passos?

É ir escrevendo. É o que eu gosto de fazer.

E ser autarca.

Sim, até porque não me veria, em caso algum, apenas a escrever. Quem escreve deve fazer outras coisas, deve viver outras coisas, não deve estar apenas acantonado na escrita. Muito do material que me faz escrever recolho-o no quotidiano da vida.

Já escrevia antes de ser autarca. A escrita tem a ver sobretudo com a observação e a leitura do mundo – e isso eu gosto de fazer – e em colocarmo-nos noutras peles, noutras pessoas, e passar a ler o mundo de várias formas de cada vez que nos pomos nessas pessoas.

É essa a magia?

É essa a magia da escrita. É um pouco como no teatro, que também fiz. É podermos ver o mundo de várias formas que não a nossa.

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