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Naufrágio na Figueira da Foz. Autoridades divulgam cronologia dos acontecimentos

07 out, 2015 - 20:10

Autoridade Marítima Nacional explica porque só foi possível chegar próximo das vítimas mais de uma hora e meia depois do alerta.

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A Autoridade Marítima Nacional (AMN) divulgou um relato pormenorizado dos acontecimentos, em resposta às acusações de demora no socorro às vítimas do naufrágio de terça-feira, na Figueira da Foz.

Um pescador morreu, dois foram resgatados e quatro continuam desparecidos. As buscas prosseguem, enquanto profissionais e famílias não se conformam com a resposta inicial das autoridades.

Na sequência do naufrágio e das notícias vindas a público, a Autoridade Marítima Nacional divulgou um relato cronológico dos acontecimentos, onde explica porque demorou mais de uma hora e meia a resgatar os dois sobreviventes.

Cronologia dos acontecimentos divulgada pela AMN:

- O Arrastão Olívia Ribau afundou-se à entrada do Porto da Figueira da Foz cerca das 19h10, uma vez que foi recebido um alerta às 19h13, no Centro Coordenador de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa (MRCC) através do sistema satélite COSPAS-SARSAT relatando uma emergência proveniente da embarcação;

- Esta informação foi confirmada ao MRCC pelo Capitão do Porto da Figueira da Foz pelas 19h18, que assumiu de imediato as funções de coordenador da acção local;

- A partir dessa hora foram chamados à capitania os elementos da Estação Salva-Vidas e mandados aprontar os meios de salvamento disponíveis (uma embarcação salva-vidas da estação salva-vidas, uma embarcação da Polícia Marítima (PM));

- Após avaliação da situação, a operação de salvamento a realizar pela embarcação salva-vidas foi classificada como muito perigosa, em virtude de o arrastão se encontrar virado numa zona de rebentação, tendo abatido para junto dos molhes de entrada e libertado as suas artes de pesca na água em seu redor, constituindo-se um perigo para a navegação, nomeadamente para os hélices das embarcações de salvamento;

- Às 19h26 foi solicitado o empenhamento de um meio aéreo, sendo que a Força Aérea Portuguesa activou um EH101 da BA5, no Montijo, às 19h35;

- Às 19h28 foi enviado para o local o Navio Patrulha Oceânico (NPO) Figueira da Foz que se encontrava a uma distância de 20 milhas náuticas;

- Ponderados os riscos, e só depois de garantidas as condições mínimas de segurança, com a melhoria das condições do mar, foi accionada uma mota de água da PM, uma vez que este meio, por funcionar a turbinas e ter maior manobrabilidade, ser o único com possibilidade de se aproximar dos molhes e numa zona com redes;

- A mota de água operada por um instrutor do Instituto de Socorros a Náufragos (e simultaneamente Polícia Marítimo) conseguiu realizar a operação de salvamento dos dois tripulantes que se encontravam na balsa salva-vidas pelas 20h50, sendo de realçar que só a larga experiencia deste operador, permitiu arriscar a realização desta operação;

- O NPO informou às 20h57 que se encontrava nas imediações da posição do naufrágio, mas que não se conseguia aproximar mais, face às condições adversas do mar;

- O EH 101 da Força Aérea chegou ao local pelas 21h00, após 40 minutos de trânsito, e permaneceu na área de operações até às 22h34 sem ter avistado nenhum dos tripulantes;

- Às 21h30 foi recolhido da água um dos tripulantes, já sem vida, pela embarcação da Polícia Marítima;

- Após o reabastecimento no AM1 de Ovar, o helicóptero regressou à área de operações a partir das 23h49 tendo terminado as buscas às 01h00;

- As buscas visuais mantiveram-se durante toda a noite, tendo as equipas de Mergulhadores da Armada e de Mergulhadores Forenses da Polícia Marítima iniciado as operações a partir das 06h50, com o objectivo de aceder ao interior da embarcação;

- A partir das 07h30 são retomadas as buscas com o meio aéreo da Força Aérea e do Navio da Marinha;

- Entre as 09h05 e as 12h30 foi tentado sem sucesso uma operação de remoção da embarcação, com a requisição de um rebocador e a passagem de um cabo de reboque, através dos mergulhadores;

- Neste período foi também tentado o acesso ao interior do arrastão, para possível localização dos tripulantes desaparecidos, sendo que as redes e vários destroços das artes de pesca espalhadas na água inviabilizaram estas buscas;

- Pelas 12h55, o armador informou o Capitão de Porto que assumia a sua responsabilidade de remoção da embarcação.

Comentários
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  • Carlos A Cupeto
    08 out, 2015 évora - parede 16:18
    Como quase sempre em Portugal o essencial fica de lado. Pode ter havido atraso na operação de salvamento, erro humano nessas mesmas operações, erro humano do mestre da embarcação etc. Compreende-se o pesar e revolta dos familiares. Todavia o essencial prende-se com a barra da F da Foz. É segura aquela barra? Estava a barra aberta e devia estar fechada? Pelas imagens que passaram o barco afundou à entrada da barra, mais "caricato" só mesmo afundar dentro da barra. A pergunta essencial é: a barra é segura? Ao que ouvi houve obras (molhos) novos que vieram a tornar a entrada da barra da F da Foz perigosa. Tem isto algum fundamento?

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