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Futebol Feminino

"Senti logo um ‘crack’. Ouviu-se": um dia com Carolina Beckert (entre a recuperação do joelho e do orgulho)

20 mai, 2024 - 10:10 • Inês Braga Sampaio

O que têm em comum Hegerberg, Rapinoe e Alexia? Além de terem vencido a Bola de Ouro, já todas sofreram roturas do ligamento cruzado anterior. A Renascença passou um dia com a portuguesa Carolina Beckert, que recupera da mesma lesão, para dar a conhecer o dia a dia e a luta - física e mental - depois do "crack" que tantas carreiras interrompe no futebol feminino.

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BECKERT BO
BECKERT BO

As imagens do momento em que uma carreira é interrompida por uma rotura do ligamento cruzado anterior ficam na memória: o esgar de dor, as lágrimas, as mãos sobre o rosto enquanto a jogadora é transportada em maca para fora de campo. A notícia de que vai parar por oito, nove, dez meses. Algumas ficam afastadas por mais de um ano. Outras regressam, para voltar a parar logo depois. É uma cena repetida tantas vezes, nos últimos anos, que já se tornou familiar.

Carolina Beckert sabe o que é estar do outro lado desse filme. Foi num jogo da Liga dos Campeões, no terreno do Benfica, ao serviço das cipriotas do Apollon, que a defesa-central portuguesa, de 23 anos, ouviu o “crack”.

“Foi num ‘sprint’, com uma adversária, ombro a ombro, e a travar o meu joelho rodou. E eu senti logo um ‘crack’. Ouviu-se. Nunca tinha tido uma lesão grave e percebi que tinha sido grave, porque não é normal uma coisa estalar assim tão alto no meio do jogo. Sinceramente, sentiram mais os meus pais, que estavam a ver o jogo, do que propriamente eu, porque não tinha entrado bem na realidade de que tinha acontecido uma lesão grave e ia parar nove meses ou mais”, conta.

Os estudos mostram que as jogadoras estão duas a seis vezes mais sujeitas a sofrer uma rotura do ligamento cruzado anterior (LCA) do que os jogadores. Ada Hegerberg, Megan Rapinoe, Alexia Putellas: todas vencedoras da Bola de Ouro, todas já sofreram a lesão que assombra o futebol feminino. A norte-americana já tinha recuperado de três cruzados, como também chamam à lesão, quando, no derradeiro jogo da carreira, sofreu a quarta.

Mas o que se passa nos bastidores? Como é o dia a dia da recuperação? A Renascença acompanhou Carolina Beckert por um dia.

"Está a faltar-me muito cardio"

A boleia atrasa-se e, quando chegamos ao complexo desportivo do Jamor, pelas 8h15, já o treino vai em andamento. É uma manhã quente, ainda que com algum vento, e os relvados espraiam-se para lá da vista, já mergulhados no sol de primavera.

Não somos os únicos intrusos: a irmã de Carolina treina com ela e o namorado assiste do lado de fora, acabando por servir de moço de recados quando é preciso ir buscar alguma coisa ao carro.

Hugo Serra é colaborador de longa data de Beckert. Antes de cada pré-época, já desde o início da carreira, no Sporting, a defesa ganha forma com o treinador de atletismo, que a ajudou a desenvolver uma das principais qualidades: a velocidade.

"Já fiz muitas pré-épocas como Hugo. A especialidade dele é a técnica de corrida, por isso é que eu sou rápida. Por acaso, mesmo antes de ser profissional já estava com o Hugo. Ele era filho do treinador do meu pai e é treinador de atletismo", explica Carolina. Referimos que ela já é, naturalmente, rápida. E atira: "Sim, mas ele melhorou a minha técnica."

Agora, a preparação é para voltar a correr. "Está a faltar-me muito cardio", desabafa Carolina, num dos curtos intervalos entre exercícios.

Cada um com o seu microfone, e entre brincadeiras e orientações à irmã, Hugo põe a jogadora a trabalhar com e sem pesos, com especial foco nas pernas, em que tem de voltar a ganhar força e flexibilidade. É um treino de força e cardio, explicam-nos.

A rotina é também motivação para continuar a lutar, dia após dia, rumo ao regresso aos relvados. Perguntamos a Hugo como está a correr a recuperação.

"Acho que está a correr bem. Ela está bem, já faz cardio, já faz pesos, já vai andando, já dá para fazer alguns exercícios técnicos, acho que está muito bem", garante, antes de interromper a resposta para dar uma indicação a Carolina.

E prossegue, segundos depois: "Acho que está muito bem, está animada. No início, até pensei que pudesse ser pior. Tanto tempo sem poder jogar não deve ser fácil. Para quem está habituado a jogar regularmente, a um nível alto, ainda por cima, não é? Mas não, acho que está ótima. Está animada."

O acompanhamento da família é um apoio precioso para a jogadora. O pai é fisiatra e ajudou-a logo no momento da lesão: "O meu pai também é médico e estava na bancada [no jogo em que se lesionou]. O Benfica deixou que o meu pai descesse e foi também ele que me ajudou a diagnosticar. Isso também me deu um pouco de conforto, porque é um familiar e especialista. Também foi do género, 'OK, começou agora outra etapa e bora'."

Por outro lado, o tio é cirurgião ortopédico. A irmã e o namorado dão o apoio emocional nos treinos, para Carolina "não estar sempre sozinha". Todos são uma parte preciosa do trabalho para voltar a competir.

O treino termina com um alarme de telemóvel e a recolha do material é rápida. Carolina está com pressa, porque a seguir tem a fisioterapia, e não é difícil perceber que cada detalhe importa.

A rapariga que mais cuida das cicatrizes

Depois de um lanche rápido de supermercado, lá seguimos, à boleia de Carolina, para o World Trade Center, onde mora a clínica António Gaspar. Se o nome lhe é familiar, não é coincidência: António Gaspar é fisioterapeuta da seleção AA masculina de futebol desde 2000, ou seja, há 24 anos. Por esta clínica, já passaram, entre vários outros, Edgar Ié, Félix Correia e Nuno Mendes. Agora, Carolina Beckert.

Passamos por várias paredes decoradas com memórias das seleções nacionais até chegarmos à sala onde Carolina - ela própria já habituada a vestir a camisola das quinas, até ao escalão sub-23 - inicia o processo que se repete todas as segundas, quartas e sextas-feiras.

Começa com uma massagem aos músculos de ambas as pernas e passa para a cicatriz.

"És a rapariga que mais cuida destas cicatrizes", comenta o fisioterapeuta Luís Correia, por entre a conversa sobre futebol, estudos e a vida. Para que serve a massagem da cicatriz? "Pode haver alguma aderência quando está a cicatrizar. Não no caso da Carolina, já tem algum tempo. Mas convém sempre que a cicatriz seja móvel, não fique aderente, não agarre ao tecido em baixo, senão, depois, cria falta de mobilidade. Depois, quando ela fizer flexão do joelho, quando dobrar, pode haver alguma restrição, ela sentir que está preso naquela zona. As cicatrizes dela ficaram as duas..."

"Horríveis", interceta Carolina.

"Ficaram bem", garante Luís.

É também aí que Carolina conta tudo o que já ficou para trás: "Eu fiz pré-operatório, que basicamente foi um mês de força para ajudar a aumentar os níveis de força antes da operação e reduzir o edema."

"E ganhar mobilidade", acrescenta Luís. "Para a cirurgia, é importante ter a extensão máxima e a flexão acima de 120, 125 graus, e reduzir o edema, e depois ter o máximo de força, que é para o pós-operatório também ser o mais fácil possível. Fizemos um mês antes da cirurgia", detalha.

"Eu não sabia que se fazia assim. Depois dá um bocado de vontade de não fazer a cirurgia, porque parece que já estou boa, mas ainda bem que fizemos, porque, depois, para recuperar foi melhor. Depois, a primeira semana foi a mais difícil de todas, porque não me conseguia mexer. A nível psicológico, os primeiros dois meses, porque perdes toda a capacidade e não consegues fazer exercícios quase nenhuns, tens de fazer os exercícios todos na marquesa, cardio zero. Eu só quero é voltar a correr", atira.

O trabalho de marquesa ajuda a perceber se houve alterações na extensão e flexão do joelho, e prepara Carolina para as próximas etapas.

"Na sexta-feira, vamos acabar os testes de força", revela Luís. Questionado por uma Beckert sorridente para que servem, responde, para gáudio da paciente: "Servem para tu correres à vontade."

"É como um passarinho que 'wow', 'flies'"

Os testes de força servem para correr e para o que se segue. Terminada a massagem, somos levados para um novo espaço: o ginásio. Metal a bater, o “clac, clac, clac” de cordas pesadas no chão, o rum-rum das máquinas a trabalhar.

É por aí que começamos, com um curto aquecimento na bicicleta, antes de começar o treino de força propriamente dito. Em poucos segundos, Luís e Carolina concluem que o tempo não é problema, porque, desta vez, o estacionamento ficou de graça.

"Podemos fazer intercalado o membro superior com o inferior, não sei o tempo que vocês têm", sugere o fisioterapeuta. Ao que Carolina responde: "Eu não tenho tempo, é na boa. Ainda por cima, foi a Inês que pagou o estacionamento."

O trabalho ainda mal começou quando o treinador faz a substituição: sai Luís, entra o fisiologista João Simões, para orientar Carolina pelos vários exercícios. Cada passo em frente é também um peso que se levanta dos ombros de um atleta que lida com a pressão de recuperar uma lesão grave.

A carga emocional é dura, ainda que, para já, a de pesos seja moderada.

"Passámos por uma fase de fortalecimento muscular. Tentámos enriquecer o treino não só com a parte inferior, mas também com a parte superior. E, agora, estamos a passar por uma fase em que temos de respeitar exercícios que tenham o ciclo de alongamento e encurtamento muscular, que é a chamada força de reação ou pliometria. Com baixas cargas, de forma moderada, para ver se andamos para a frente. Ver como é que ela reage, dar outro estímulo de força, também.

"Quando chegamos a esta fase, em que já pode começar a correr de uma forma muito ligeira, mesmo a nível mental, para este tipo de atleta, ajuda. Eles ficam mais leves, ficam menos sobrecarregados, com pensamentos mais difíceis de gerir, porque começam a ter alguma rotina de treino, como tinham na modalidade. Agora, daqui para o campo, é a fase mais fácil para os atletas. Rapidamente daqui a uma semana já há bola, já lhes liberta um bocadinho a mente", explica João.

Apesar de a mente estar mais leve, Carolina não esquece os relvados. Também por culpa nossa: "Esta entrevista está a dar-me saudades de jogar. E as minhas chuteiras estão com pó!"

O que também não fica esquecido é a dor. A dor física e a de, pela primeira vez na carreira, não poder mover-se livremente.

"Consegues dizer-me qual foi a parte mais difícil para ti desde que começaste aqui na clínica?", pergunta João.

"Foi a parte da marquesa. Porque estar imóvel é uma coisa por que nunca tinha passado, porque eu nunca tinha tido uma lesão grave. Estar duas semanas na marquesa só a fazer exercícios era chato. Óbvio que foi menos bom naquela fase de um mês em que tive dores e tivemos de regredir um pouco", lembra Carolina.

"A dor vai estar sempre presente. E nós, no nosso trabalho, vamos tentar que o processo seja o mais linear possível, num bom sentido, mas ele vai ter sempre algumas quebras e é aí que a parte mental define o grande desenvolvimento das pessoas aqui", revela o fisioterapeuta, que até encontra uma comparação curiosa para definir o caminho dos atletas com a clínica:

"Olhando para o processo todo, eles chegarem cá num estado difícil e saírem daqui num estado completamente diferente, é quase como se fosse encontrar um passarinho na rua que não voa, ficar com ele durante algum tempo e, do nada, 'wow'. 'Flies' [voa]."

Um momento profundo.

Carolina Beckert, futura dirigente

Carolina “queixa-se, mas faz”, garantem-nos João e a própria, ao ritmo de exercícios mais simples, outros mais difíceis (“Agora é o exercício em que eu vou morrer”, diz-nos a certa altura, quando percebe que vai para a "leg curl"), e brincadeiras com o fisiologista e outros utentes do espaço.

O ambiente leve ajuda o tempo a passar e ajuda Carolina a manter-se animada, depois de quatro, quase cinco meses de recuperação e ainda com outros tantos pela frente. A jogadora também sabe que o facto de gostar de trabalho de ginásio joga a seu favor, porque, caso contrário, a monotonia do calendário já a teria afetado.

Treino e ginásio. Pesos, massagem, pesos. Tudo ainda sem poder correr. Ou melhor: sem poder correr no relvado, porque há uma passadeira especial que lhe permite reviver a experiência, como se tivesse até menos 80% do peso. João esclarece:

"Se eu pesar 100 quilos, nesta máquina consigo andar ou correr como se tivesse 20, 30 ou 40 quilos. Retira o impacto, também, e é um ótimo método para as pessoas voltarem a ganhar confiança para ganhar ou para correr. Principalmente, [dá] algum conforto emocional, porque se sente cada vez mais capaz para voltar à corrida, o que contribui muito para, depois, chegar ao campo de uma forma mais leve."

O treino termina com a corrida na AlterG. Carolina Beckert já sabe onde ir, que corredores percorrer, em que salas entrar, porque já se familiarizou com o espaço. Afinal, é cliente assídua da clínica há cinco meses.

Uma visita que se repete três dias por semana, embora as quartas-feiras sejam “duras”, confidencia-nos Carolina. Isto porque, à tarde, a central segue para o Porto, onde está a fazer um curso de gestão desportiva no futebol profissional, da Liga Portugal.

"É para um dia ser dirigente. Eu tirei Gestão na Nova SPE, que é muito parecido com o curso de Economia e dá-me bases para ser gestora, mas tenho sempre de tirar algum tipo de mestrado se quiser cruzar os meus dois mundos, e esse passa por ser o meu objetivo. Não só o futebol, mas o desporto. Também estou a tirar esse curso para aprender", conta.

Questionada logo de seguida sobre se há um clube, em especial, de que gostaria de ser dirigente, esquiva-se. "Já estou a meter-me numa alhada [risos]. Não há nenhum clube em que esteja focada. Este curso está a abrir-me um pouco os olhos para o que eu posso ser no futuro. Também aproveito para incentivar as pessoas a estudar, mesmo que estejam a jogar. É possível, eu fi-lo. Não desistam dos estudos, porque a carreira no futebol não dura para sempre."

Às terças e quintas, dá explicações: português, a estrangeiros, e matemática.

"É uma espécie de tutoria. Tem sido importante, porque a recuperação não é grátis e gosto de sentir que sou eu a dona da minha vida e do meu destino e, a nível financeiro, acho que é muito importante", salienta.

"Tempo livre é pensar no futuro, nos 'ses'"

A autonomia financeira, aos 23 anos, mas já com várias épocas como profissional, não é a principal razão para Carolina Beckert preencher todos os espaços livres da agenda.

Parar é pensar e pensar é lamentar a interrupção de uma época que estava a ser marcante: a primeira experiência fora de Portugal, a primeira participação na Liga dos Campeões, novas perspetivas de futuro.

"É mesmo muito importante não estarmos com tanto tempo livre, porque tempo livre é pensar, pensar no futuro, pensar no passado, nos 'ses'. Porque eu sinto que estava numa fase bastante boa da minha carreira. Estava a ganhar confiança e estava num momento bastante positivo. Portanto, se eu pensar nisto todos os dias, vai trazer-me para baixo", assinala.

É esta a parte mais complicada de uma lesão como a rotura do ligamento cruzado anterior: ser-se obrigado a parar e, de súbito, conviver com a incerteza do regresso – o “quando”, o “como” e até o “se”.

Por isso é que Carolina fez questão de se manter afastada do meio do futebol.

"Se calhar, no meu meio, no meio do futebol, se eu estivesse num clube, aqui em Portugal, seria sempre a que está lesionada há mais tempo. Aqui, não vejo treinos. Como me afastei um pouco do mundo, isso para a minha sanidade mental melhorou", confessa.

Os fatores e um projeto pioneiro

Mas o que é que faz com que esta lesão seja tão comum no futebol feminino?

Luís Correia explica que há diversos fatores, "intrínsecos e extrínsecos".

"Primeiro, temos os intrínsecos: o funcionamento do corpo da mulher tem algumas alterações que predispõem mais à lesão. Depois, há os extrínsecos, que normalmente são os campos. Os campos onde a maior parte das mulheres jogam são piores que os dos homens", enumera. O facto de as raparigas começarem a ser preparadas mais tarde para a alta competição "é mais um dos fatores".

Carolina sugere mais causas e, até, possíveis soluções: "As jogadoras de nível de topo não é que não tenham condições. Se calhar, os fatores extrínsecos passam um pouco pelo calendário, pelas chuteiras. Os próprios exercícios que façam serem adaptados e fazerem um pouco mais reforço para os joelhos do que os homens fazem. Terem fisios e fisiologistas da área do desporto que saibam e tenham feito esse tipo de pesquisas."

Estas são algumas das razões conhecidas para a abundância de roturas do cruzado no futebol feminino, embora ainda haja muitas dúvidas em torno de uma lesão que, duas em três vezes, acontece sem qualquer contacto físico.

No final de abril, a FIFPro, sindicato mundial de jogadores, anunciou a criação do Project ACL, uma colaboração de três anos com a Nike, a Universidade de Leeds e o sindicato inglês de jogadores, com o objetivo de acelerar a investigação às roturas do LCA e, assim, reduzir o número destas lesões em jogadoras profissionais.

Adeus ao Apollon, mas o futuro ainda vai longe

Por enquanto, Carolina só quer correr e voltar a treinar com bola. Está quase, quase, diz a jogadora, que mantém o pensamento positivo.

"Agora, é só recuperar. Já não falta muito. Olha, já passou mais de metade. Amanhã, faz cinco meses. Depois de correr, o que se avizinha é aquilo que me dá pica: ir para o campo com bola, treinar acelerações, mudanças de direção. Estou mesmo entusiasmada", admite.

O contrato com o Apollon Ladies terminou, em abril, sem renovação. Carolina Beckert é agora uma jogadora livre.

O futuro é uma incógnita e a resposta só chegará mais tarde. Seja para ficar em Portugal ou voltar lá para fora - "não estou 100% focada nisso, não ponho de parte nem uma, nem outra opção", diz à Renascença -, a defesa-central, ainda com 23 anos e uma longa carreira pela frente, sabe que será complicado ganhar o seu espaço, ainda que o facto de esta lesão ser tão comum até funcione como um ponto a seu favor.

De qualquer modo, Carolina traça como objetivo juntar-se a uma nova equipa ainda na primeira metade da próxima época. Espera estar bem em "setembro, outubro". Depois, é "ir com calma".

"Obviamente, já pensei nisso e já perguntei: 'olha, dá para entrar numa equipa um bocadinho mais tarde ou tenho de esperar até janeiro?'. Mas acho que dá para entrar e, quando entrar, saber que vai ser bastante difícil, porque as outras pessoas estão com muito mais ritmo que eu e estive montes de tempo parada. Mas esta lesão é tão comum que os próprios treinadores dão tanto ênfase, a ponto de dizer 'OK, esta está posta de lado'. Não. Isto é um bocadinho um exagero, mas quase todas já tiveram [a lesão]", atira.

A jovem central também deixa uma mensagem para quem esteja a passar pelo mesmo processo: "Não é fácil, mas também não é isso tudo. É dia a dia."

Há um outro objetivo: "vai ser sempre complicado", mas quer enfrentar os fantasmas e regressar ao local onde ouviu o “crack” que lhe interrompeu a carreira: "Espero voltar, será bom sinal."

Carolina Beckert sabe que até tem tido "sorte dentro do mau". A recuperação está a ser dura, "porque nunca é fácil", mas sem muitas dores, depois do mês em que teve de recuar no processo:

"Que continue assim. É bater na madeira. Eu não acredito nisso, mas..."

E bate na madeira.

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