07 out, 2015 - 15:03
Uma manifestação silenciosa, agendada para as 18h30 em frente às instalações da Capitania do Porto da Figueira da Foz, pretende contestar a actuação dos meios de socorro no naufrágio ocorrido terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, João Traveira, praticante de "bodyboard" e um dos promotores do protesto, frisou que a manifestação pretende contestar a demora na actuação dos meios de socorro e a versão da Marinha, que alega que as condições do mar e a existência de redes na água não permitiram que embarcações com hélices se aproximassem do navio naufragado.
"Dizem que não saíram porque o mar estava mau e havia redes na água. Mas quais redes? Onde estão as redes? Se houvesse uma ou duas motos de água com pessoas que soubessem andar no mar tinham salvado toda a gente", criticou João Traveira.
O promotor do protesto disse ainda que o agente da Polícia Marítima que estava de licença e veio a resgatar dois pescadores que estavam numa balsa à entrada da barra, mais de uma hora depois do naufrágio, "actuou sozinho, à revelia" da Autoridade Marítima, versão que o porta-voz daquela entidade, Nuno Leitão, desmentiu, alegando que a moto de água foi accionada pelo Comandante do Porto da Figueira da Foz.
Questionado sobre o porquê da moto de água apenas ter saído da marina quase uma hora após o naufrágio, já de noite, quando à hora do acidente havia visibilidade, Nuno Leitão respondeu que "foi o tempo necessário para aferir as condições" de actuação dos meios de socorro.
O promotor da manifestação, que deverá juntar praticantes de desportos de ondas, como surfistas e bodyboarders, pescadores e outras pessoas, defendeu a criação de um grupo de salvamento no porto da Figueira da Foz, constituído por duas motos de água, tripuladas "por quem perceba do mar", apelando à autarquia da Figueira da Foz e à administração portuária para que o promovam.
Apoio psicológico para familiares
Quatro psicólogos estão a dar apoio aos familiares dos quatro pescadores desaparecidos.
Os psicólogos, dois do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e outros dois da Câmara Municipal da Figueira da Foz, estão a acompanhar, na praia do Cabedelo, junto ao local onde decorrem as buscas, os familiares dos desaparecidos, três pescadores residentes a sul da Figueira da Foz e um outro oriundo de Mira.
A Polícia Marítima restringiu o acesso ao molhe sul do porto da Figueira da Foz - junto à "cabeça" do qual, na entrada da barra, é visível o navio virado e afundado - a elementos participantes nas buscas e aos órgãos de comunicação social, limitando, deste modo, a afluência de pessoas ao local.
A operação de busca está a decorrer com a utilização de mergulhadores forenses e da Polícia Marítima, um helicóptero da Força Aérea e, ao largo, a patrulha oceânica Figueira da Foz, para além de duas lanchas rápidas da Marinha e um rebocador portuário.
O naufrágio do arrastão "Olívia Ribau" provocou uma morte, havendo ainda quatro pescadores desaparecidos. Foram resgatadas duas pessoas com vida e as buscas no local estão a decorrer através de meios marítimos, terrestres e um helicóptero.