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Só há uma interpretação das eleições: a Catalunha quer mudança

28 set, 2015 - 11:34 • Sérgio Costa

Para o representante da Catalunha em Portugal, Ramon Font, só um referendo poderá permitir uma clarificação.

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O representante da Catalunha em Portugal, Ramon Font, defende, em entrevista à Renascença, que os resultados eleitorais da Catalunha evidenciam a existência de "uma clara vontade de mudança”, seja de independência ou apenas de federalismo.

Numa análise aos resultados das eleições autonómicas catalãs, nas quais o bloco independentista conquistou a maioria absoluta de deputados, apesar de não atingir os 50% dos votos, Ramon Font classifica como "inequívoco" o sentimento geral favorável a uma alteração na relação com Madrid.

É, justamente, neste ponto que o representante da Catalunha em Portugal contraria a interpretação que vários analistas do país vizinho fazem dos resultados das eleições de domingo. Uma rápida leitura pelos principais diários de Espanha poderá levar a concluir que uma percentagem inferior a 50% para os partidos independentistas significaria uma derrota, caso este acto eleitoral fosse um referendo. Todavia, Ramon Font defende que há “um pequeno erro na análise”, pois as “oposições são diversas", havendo "partidos adversários de Artur Mas que se recusam a fazer parte do Não à independência.”

Referendo como meio de clarificação

O delegado da Catalunha em Portugal acrescenta que só um referendo poderá permitir uma clarificação, acrescentando mesmo que se a pergunta for entre “independência ou federalismo até poderá haver surpresas”.

"A Catalunha pretende caminhar para outra via”, diz Font, apontando como grande derrotado "o imobilismo defendido pelo Partido Popular”, que define como “factor de irritação na Catalunha". O partido que sustenta o governo de Madrid passa a ser uma “força sem expressão na região”.

O presidente da Generalitat, Artur Mas, prometeu avançar com um processo para que, o prazo de 18 meses, a Catalunha seja independente. São, assim, previsíveis duras negociações com Madrid, a partir de agora, e também um “novo factor de agitação” nas eleições legislativas espanholas agendadas para Dezembro.

Ramon Font antevê que a Catalunha vai estar no centro da agenda política e na campanha eleitoral deste ano, porque “o PSOE vai esforçar-se para vingar o seu projecto federalista”. O futuro da própria Catalunha, conclui, “também vai depender do debate que se fizer”.

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  • jose cardoso
    28 set, 2015 lousada 14:52
    Grosso modo os catalães estão divididos meio meio. assim é tao injusto decidir por uma metade como decidir pela outra. destes resultados poderemos extrapolar que 51% não quer independência e 49% quer a independência. Gostava de saber onde este senhor vai buscar fundamento para dizer que há "uma clara vontade de mudança" bem ele também não disse o sentido da clara vontade. mais um politiqueiro que anda ao sabor do vento.
  • joao
    28 set, 2015 vila real 12:58
    A Catalunha quer a independência porque é mais rica, é o principio de solidariedade da população a falar mais alto e os hipocritas dos partidos a tirar partido disso. Não se falou de outro motivo.
  • Nuno
    28 set, 2015 Alentejo 12:50
    Quero ver o F.C.Barcelona a disputar a liga da Catalunya com as equipas d'Andorra
  • Rogério
    28 set, 2015 Albufeira 12:47
    Se querem independência, que seja dáda. O Algarve também devia ser independente. Só se lembram do Algarve no mês de Agosto. Investimento no algave zero, é só chupar do Algarve pra dar ao norte.
  • Anti Madrid
    28 set, 2015 Ibéria 12:38
    E depois o bascos, os galegos, etc. Os castelhanos vão morrer à fome.
  • Rogério
    28 set, 2015 Gondomar 12:30
    Só descanso quando o meu país começar em Ferrol e terminar no Mondego.
  • José Carlos Pires
    28 set, 2015 Lisboa 12:17
    União das Repúblicas
  • Serafim Inicial
    28 set, 2015 Porto 12:05
    Próximo passo na península ibérica será permitir a independência dos territórios árabes ocupados por Portugal!

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