22 ago, 2018 - 07:54
Os novos condutores vão ter de saber usar um desfibrilhador automático externo (DAE), segundo a recomendação de um grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde, que sugere ainda que a existência destes aparelhos seja alargada a mais locais públicos.
De acordo com o “Jornal de Notícias”, o relatório recomenda que seja ainda obrigatória a formação para as forças de segurança, a todos os novos agentes da PSP, GNR e Polícia Marítima. Nadadores-salvadores e tripulação de aviões também estão incluídos.
Mas a formação obrigatória também deve abranger os alunos do secundário e dos cursos de Ciências da Saúde e de Desporto.
João Morais, cardiologista e presidente do grupo e trabalho, diz à Renascença que o objetivo é equipar todos os que têm profissões em que é recomendável saber usar estes aparelhos.
“As forças de segurança, naturalmente, são um dos grupos mais importantes, da mesma maneira que são os seguranças das grandes superfícies comerciais, os seguranças das discotecas, as pessoas que fazem transporte de idosos, que fazem excursões com a terceira idade – ou seja, todos aqueles que estão em condições mais próximas de poder atender a uma vítima de paragem cardiorrespiratória devem ser a prioridade”, explica.
“Não está em cima da mesa treinar 10 milhões de portugueses”, sublinha ainda.
Quanto aos novos encartados, o especialista diz que a ideia é aproveitar um “momento em que o cidadão português está em fase de avaliação para conduzir e ensinemos-lhe atos tão simples como sejam os atos de suporte básico de vida e treino em desfibrilhação”.
Assim, caso venha a enquadrar-se nos grupos profissionais que deve saber usar um desfibrilhador, já tem formação.
O documento está em discussão pública até dia 27 e contém várias recomendações no sentido de ter cada vez pessoas capazes de socorrer vítimas em paragem cardiorrespiratória, aumentado a sua probabilidade de sobrevivência.
No documento é destacado que a desfibrilhação deve continuar a ser enquadrada em programas organizados e manuseada por operacionais treinados e licenciados de acordo com a lei. "Contudo, no momento atual estão reunidas as condições de segurança para que, em situações particulares, o manuseio do DAE possa ser feita por cidadãos não treinados, sempre que possível por indicação telefónica dada pelo médico do CODU [centro de orientação de doentes urgentes], ou estruturas equivalentes nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, em tempo útil e em benefício da vítima", é referido.
O relatório recomenda também um reforço de dispositivos em locais onde passam em média mil pessoas por dia como centros comerciais, unidades hoteleiras, monumentos, áreas de diversão, embarcações turísticas e de transporte público, aeronaves da aviação comercial, comboios de longo curso, estabelecimentos de ensino, ginásios e complexos desportivos e unidades de saúde.
É ainda recomendado um Plano Nacional de Combate à Morte Súbita Cardíaca e o desenvolvimento de uma Campanha Nacional de Sensibilização.
Este grupo de trabalho foi criado para estudar a requalificação do Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa, que foi estabelecido em 2009.