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"Surpreendente" a procura de livros em português na Feira do Livro de Buenos Aires

30 abr, 2024 - 23:37 • Maria João Costa, enviada especial a Buenos Aires

Na Feira do Livro de Buenos Aires, que tem este ano a cidade de Lisboa como convidada, a procura por livros em português tem surpreendido a organização. Na livraria, além de livros traduzidos, há também obras em português que os argentinos têm vindo a comprar.

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"Surpreendente" a procura de livros em português na Feira do Livro de Buenos Aires
Ouça a reportagem de Maria João Costa

A livraria ocupa o coração do Pavilhão de Lisboa, na Feira do Livro de Buenos Aires, na Argentina. É uma mesa redonda que abraça o centro do espaço com que a capital portuguesa quer dar a conhecer o que se escreve em português.

Há livros traduzidos para castelhano, mas também muitos escritos em português. Além dos incontornáveis e muito procurados Fernando Pessoa ou José Saramago, há também livros de autores mais novos e, em alguns casos, ainda desconhecidos dos argentinos.

Mas isso não tem impedido que procurem literatura escrita em português. É o que nos conta o livreiro responsável pela venda dos livros do pavilhão de Lisboa. Marco Almada mostra-se mesmo “surpreendido que haja pessoas a procurarem e a comprarem livros em português”.

Na opinião deste experiente livreiro, “vende-se muito bem” o que Lisboa trouxe. “Portugal tem uma produção literária e editorial muito interessante”, explica à reportagem da Renascença, acrescentando que há um “equilíbrio” entre a procura de livros de autores firmados como Pessoa que esgotou o "Livro do Desassossego", e os autores mais novos.

“Surpreendeu-nos a procura de livros em português, não só de romances, como de livros sobre Lisboa, Portugal, ensaios ou livros de arte”, sublinha Marco Almada. Este argentino diz, contudo, que de um modo geral a procura na feira baixou, devido à crise financeira que a Argentina enfrenta.

Na livraria a olhar para os livros encontramos uma senhora com quem arriscamos o nosso melhor espanhol em busca de uma entrevista. Diz-nos que já leu Fernando Pessoa e José Saramago. Quando lhe perguntamos se é de Buenos Aires, explica-nos que não. “Sou portuguesa!”, surpreende com a resposta.

Chama-se Maria dos Reis Esteves, é de Melgaço, e vive há 70 anos na Argentina. A cada ano vem à feira do livro e, desta vez, “porque Lisboa está cá”, mais razões teve para vir. Andou para a frente e para trás, deu três voltas à mesa na procura de um livro.

Esta portuguesa, que não esquece as suas origens, levou para casa uma coletânea de poesia portuguesa. Vai satisfeita com a sua escolha. “São as raízes”, diz-nos orgulhosa e considera que ler em português “faz bem à alma”.

Enquanto Maria dos Reis Esteves fez a sua compra na livraria portuguesa, no mesmo Pavilhão de Lisboa decorria uma mesa que juntou os autores portugueses Afonso Cruz, Ana Pessoa e o poeta André Tecedeiro.

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