Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

​Quanto custa uma aldeia em Portugal

24 jul, 2018 - 08:30 • Joana Gonçalves

Em Portugal, estão pelo menos quatro aldeias à procura de um novo proprietário que lhes restitua o brilho e a vida de outros tempos.

A+ / A-

Se não é novidade que em Portugal se encontram várias aldeias abandonadas, o mesmo não se pode dizer da possibilidade de adquirir uma delas. Em Portugal estão pelo menos quatro aldeias à venda.

Vítor Brandão, médico em Arouca, é proprietário de uma delas. Localizada em pleno Geoparque, na Serra da Freita, a Quinta da Emproa pertenceu em tempos a 14 famílias. Começou por adquirir uma a uma e é agora dono de 11 casas de xisto, em ruínas.

Todas elas estão ao abrigo de um só proprietário que só as vende na totalidade. A venda parcelar está fora de questão. "Seria matar a aldeia", conta Vítor Brandão à Renascença.

O investimento necessário para reabilitar a totalidade da aldeia pode chegar aos dois milhões de euros e é por isso que está à venda por 600 mil.

Na aldeia de Oussias, a cerca de 15 quilómetros de Arcos de Valdevez, Rui Marinho arriscou, a apesar do elevado investimento.

O que começou por ser a aquisição de uma casa para segunda habitação, em 2007, rapidamente se transformou num projecto de turismo rural, a Arcos House.

As 13 casas reabilitadas por Rui Marinho, que exigiram um investimento superior a 1 milhão de euros, estão agora prontas para alugar. Os preços por noite variam entre os 60 e os 185 euros e Rui garante que é um negócio rentável.

A aldeia rural de Oussias situa-se nas proximidades do Parque Nacional da Peneda-Gerês, um dos principais fatores de atração.

Para Rui Marinho, a envolvente social também é muito importante. "A aldeia não seria a mesma sem estas pessoas", confessa. Estas pessoas são os poucos habitantes que ainda restam nas regiões mais próximas da aldeia. São elas que dão vida a este projecto e que o enriquecem do ponto de vista histórico e cultural.

Se ficou interessado em comprar uma destas aldeias, importa esclarecer o que está aqui em causa. A venda da aldeia não incluiu espaços públicos, mas sim a totalidade das casas, e os acessos são responsabilidade da câmara municipal.

Ricardo Costa, agente numa imobiliária de luxo, explica esta opção comercial: "tem tudo a ver com a forma como nós colocamos as coisas. Comercialmente, se eu digo que estou a vender uma aldeia tem um impacto superior do que se eu disser que estou a vender 11 casas. O facto de ser uma aldeia recria um ambiente mais isolado, quase com um ecossistema com vida própria".

O ecoturismo e turismo rural são, por isso, as principais opções para os investidores, que veem nestas aldeias abandonadas uma oportunidade de negócio.

Se há quem se desloque ao litoral em busca de melhores oportunidades de trabalho, há também quem prefira fugir da confusão da cidade, dizer adeus às praias e acolher o turismo rural.

Para os amantes de natureza, esta será sempre uma boa escolha.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+