Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

OCDE alerta: subida do emprego esconde estagnação salarial

04 jul, 2018 - 11:40

Com o desemprego a baixar e a economia a recuperar, os salários deviam estar a aumentar, aponta o relatório da organização.

A+ / A-

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) avisou que o crescimento e o desemprego estão a atingir níveis anteriores à crise económica, mas os salários estão estagnados em níveis sem precedentes.

No ultimo relatório "Employment Outlook", a organização admite que, com o desemprego a baixar e a economia a recuperar, os salários deviam estar a aumentar mais, algo que não está a acontecer.

O relatório, divulgado esta quarta-feira, diz que a fraca expansão dos salários, especialmente vincada em países como Portugal, é explicada pela criação de empregos em setores de baixa produtividade e pela estagnação do poder negocial dos trabalhadores. E é para que essa recuperação ganhe agora força que, no "Employment Outlook 2018", a OCDE, diz que o recuo do desemprego durante a recuperação deve ser acompanhado por aumentos salariais.

Os números são claros: em média, o crescimento dos salários por hora nos países da organização, no último trimestre de 2017, ainda era 0,4 pontos percentuais mais baixo do que no final de 2008, enquanto o desemprego estava em níveis similares.

A OCDE adverte que em termos de qualidade e segurança dos postos de trabalho, a pobreza tem vindo a crescer na população trabalhadora, alcançando os 10,6% em 2015, face aos 9,6% observados uma década antes. “O crescimento dos salários permanece substancialmente mais baixo do que antes da crise financeira. No final de 2017, o crescimento dos salários nominais na OCDE era apenas metade do que era dez anos antes”, refere.

Portugal é um dos países onde esta tendência é mais vincada. Comparando o período de 2000 a 2007 e de 2007 a 2016, o crescimento médio anual dos salários medianos para os trabalhadores a tempo inteiro caiu 1,5 pontos percentuais no conjunto da OCDE, mas a queda ultrapassou os três pontos percentuais na Irlanda, Grécia e Portugal, bem como em muitos países da Europa de Leste.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Escravatura
    06 jul, 2018 Por cá 09:38
    Claro. Embora digam o contrário, por cá, vigora a ideia dos baixos salários. Os sindicatos praticamente não têm implantação no sector privado pois lá, embora tenham muito mais poder que no público, basta lembrar que uma greve pode custar perda de contratos e muito prejuízo financeiro para o patrão, com medo de irem para a rua preferem calar-se e defender o empregozeco que os torna semi-escravos para o resto da vida, em vez de se organizarem e lutarem pelos seus direitos. Fácil de falar para quem tem emprego garantido? Mas alguém, mesmo no publico tem emprego garantido hoje em dia? E acham que sem luta, com "baixas de ambos os lados" conseguem mudar alguma coisa? Acham que o Patronato vos vai dar alguma coisa de borla? É porque não vivem cá... Só pode. Querem melhorar as condições de trabalho? Organizem-se e lutem.

Destaques V+