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Croatas festejaram a derrota como se fosse uma vitória

15 jul, 2018 - 19:15 • José Alberto Lemos, em Zagreb

O orgulho na seleção superou a frustração da derrota frente à França. Zagreb encheu-se de gente para vitoriar os heróis da Rússia. Uma proeza inigualável para um pequeno país de apenas quatro milhões de habitantes.

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Cerca de meia hora depois de terem perdido a final do Mundial, os croatas ainda festejavam a sua seleção nacional com grande fervor e entusiasmo.

Na praça central de Zagreb, a capital do país, os milhares de pessoas que tinham visto o jogo num ecrã gigante não arredavam pé. E o cenário do que foi o sofrimento durante os 90 minutos de jogo transformou-se num concerto musical com várias bandas e muita participação popular.

A euforia dos croatas traduzia acima de tudo o orgulho na sua seleção nacional que catapultou o país para a ribalta mundial. Afinal de contas desde os anos 1950 que nenhum pequeno país - a Croácia tem apenas 4 milhões de habitantes - chegava a final de um Mundial de futebol. Por isso, a proeza desta geração de jogadores croatas encheu de orgulho os seus concidadãos. Nem a derrota por 4-2 com a França foi percecionada pelos croatas como algo deprimente. Afinal de contas, os dois primeiros golos gauleses resultaram de dois lances infelizes: um autogolo e um penalti.

Na véspera do jogo, em Zagreb havia superstições para todos os gostos. Citamos apenas duas. Uma positiva: de vinte em vinte anos, nos anos que terminam em 8, um novo país estreia-se a vencer o Mundial. Foi assim em 1958 com o Brasil, em 1978 com a Argentina, em 1998 com a França e em 2018 seria a vez da Croácia. Infelizmente para os croatas, a França bisou este ano.

A superstição negativa dizia respeito aos guarda-redes. Todas as equipas que nos últimos anos foram a final do Mundial e perderam tinham guarda-redes que jogavam ou tinham jogado no Mónaco. Ora, esse é o caso do guarda-redes croata, que acabou a sofrer quatro golos e que de certo modo confirmou a superstição. E se nos dois primeiros golos não lhe pode ser assacada responsabilidade, já nos dois da segunda parte a sua colocação na baliza deixou alguns fãs algo desiludidos.

Mas independentemente dos palpites e prognósticos que abundaram, este pequeno país balcânico com menos de 30 anos de idade assinou uma das páginas mais brilhantes da história do Mundial. Mesmo nesta derrota na final não defraudou os seus concidadãos, já que dominou o jogo, teve mais posse de bola do que a França e nada ficou a dever aos gauleses em termos de futebol praticado.

Talvez por isso, os milhares de croatas que preferiram ver o jogo nas ruas da capital e em especial na praça central da cidade sentiam-se satisfeitos e orgulhosos com a sua equipa nacional. E quem os visse a cantar, a dançar, a rir e a abraçar-se e desconhecesse o resultado do jogo poderia bem pensar que afinal quem tinha ganho o Mundial tinha sido mesmo a Croácia.

A receção que a capital prepara aos seus heróis da Rússia quando eles chegarem na segunda -feira ao aeroporto de Zagreb vai seguramente demonstrar toda essa gratidão e orgulho de um pequeno país aqueles que tão estoicamente se bateram para conquistar o troféu mais cobiçado no futebol mundial.

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