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Futsal

“Dá gozo vê-los a chegar ao fim da época com as lacunas quase tapadas”: Vítor Hugo agora é treinador e já reencontrou o “bichinho”

16 mai, 2024 - 15:40 • Redação

Em entrevista a Bola Branca, o agora treinador de guarda-redes do Dínamo Sanjoanense revela que o Mundial 2021 o deixou “mentalmente esgotado” e comenta o nível do Sp. Braga e como é, afinal, esta nova vida fora da quadra.

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Em tempos idos parou bolas que pareciam balas. Agora, Vítor Hugo está do outro lado da fronteira, fora de campo e ajuda os guarda-redes do Dínamo Sanjoanense a pararem bolas que parecem balas. Em conversa com Bola Branca, o homem que ganhou um Mundial e um Europeu pela seleção revela como vê o seu antigo clube, o Sp. Braga, e as possibilidades de chegar ao título e demonstra como a vida agora mudou.

Para o antigo guarda-redes de futsal, um cidadão natural de Ramalde, no Porto, o Braga pode vir a sagrar-se campeão já esta temporada. “Já ficou provado no ano passado. Este ano, já conseguiram quebrar a barreira de vencer um jogo a eliminar com o Sporting”. Porém, de acordo com o ex-atleta, os confrontos nos play-offs serão “jogos completamente distintos.”

O Braga conquistou a Taça de Portugal deste ano, vencendo o Sporting na final, era desse jogo que falava Vítor Hugo em conversa com a Renascença. Este foi o primeiro título nacional da história do clube, onde este homem jogou as últimas oito temporadas da carreira. “É uma conquista que vem com uns aninhos de atraso”, confessa o antigo internacional português.

“Por tudo aquilo que o Braga tem feito na modalidade, já podia ter conquistado há mais tempo. Infelizmente para mim que estive lá este tempo todo e não consegui. Felizmente, os muitos amigos que fiz lá merecem esse título”, acrescenta este antigo jogador que também passou por Benfica, Rio Ave, FJ Antunes e Boavista. Foi no clube da pantera que cumpriu vários anos de formação.

O campeão da Europa e do Mundo por Portugal, hoje com 41 anos, acredita que esta recente conquista pode motivar os bracarenses para a luta pelo campeonato nacional: “Agora que conseguiram levar o troféu para casa, vai servir de ânimo extra para eles conseguirem”.

Vítor Hugo fez parte da equipa do Braga que chegou à final do campeonato na época 2016/17, onde acabou por perder frente ao Sporting. Em relação ao que faltou à equipa dessa época, este antigo guarda-redes começa por dizer: “O principal: o orçamento atualmente é muito maior”.

E continua: “As condições de trabalho são diferentes. O Braga agora tem pavilhão próprio e tomam o pequeno-almoço juntos. Na minha altura treinávamos quatro vezes por semana e apenas à noite. Hoje treinam todos os dias. Agora tudo é mais profissional”, analisou o ex-atleta.

Para Vítor Hugo, o Braga é “sem dúvida alguma” um grande no futsal: “Já é há alguns anos. Agora tem todas as condições para consolidar o seu trabalho”.

Sobre Joel Rocha, o atual treinador do Braga, o agora também treinador de guarda-redes só guarda palavras boas, mas faz uma ressalva. “É um excelente trabalhador e um líder nato. Mas, se calhar, qualquer treinador com as condições que ele tem conseguiria fazer o que ele fez.”

O entrevistado pendurou as sapatilhas em julho de 2022 e é atualmente o treinador de guarda-redes do Dínamo Sanjoanense, equipa que se sagrou campeã da 2.ª Divisão nacional nesta temporada. Este é apenas o segundo ano enquanto treinador. “Já tinha pensado em ser treinador quando acabasse a carreira", revela. "No ano do Mundial, eu e o Tiago Brito tirámos o nível II de treinador. Não sabia é que ia ser tão rápido, até porque a minha intenção era fazer mais anos a jogar.” Portugal foi campeão do mundo em 2021, numa final contra a Argentina.

Na altura, foi Bruno Guimarães, que tinha sido seu treinador no Braga, a convidá-lo para fazer parte da equipa técnica do Dínamo. “Eu tinha de fazer um certo número de jogos para o estágio. Ele precisava de alguém. Juntou-se o útil ao agradável”, explica a esta rádio.

A grande diferença de jogador para treinador é o trabalho de casa que tem de fazer. “Como jogador, chegava lá, sentava e o treinador dizia o que os jogadores faziam. Agora, uma pessoa chega a casa e tem de cortar vídeos. Enquanto jogador só vemos o trabalho final. Como treinador temos de ser nós a apresentar o trabalho."

Sobre o futuro, Vítor Hugo diz não pensar ser treinador principal a curto prazo. “Para já, o meu curto prazo são os guarda-redes”, confirma.

“O maior gosto é tu começares com os guarda-redes, eles terem umas lacunas e chegares ao final da época com as lacunas quase tapadas. Iniciam a época num patamar e acabam noutro acima. É um gozo e um gosto enorme notar a evolução dos jogadores”, rematou o internacional português.

Em termos de metas coletivas, o agora treinador de guarda-redes garante que “o objetivo principal do Dínamo sempre foi subir à Liga Placard”. No decorrer da época viu-se que poderia ser possível, garante. E lamenta: “Sobre ser campeão, só nas últimas jornadas vimos que afinal dava”.

O Dínamo Sanjoanense foi campeão da 2.ª Divisão nacional com quatro pontos de avanço para o segundo classificado, o Lusitânia dos Açores. “Modéstia à parte, fomos sem dúvida a equipa que foi mais consistente nas duas fases”, defende. O emblema de São João da Madeira regressa assim ao principal escalão da modalidade. A última vez que tinha participado remonta à época 2020/21.

Relativamente à próxima temporada, Vítor Hugo não abriu o jogo sobre a sua continuidade no clube. Partilhou, ainda assim, as suas expectativas: “Suponho que seja lutar pela manutenção. Não temos como almejar algo mais. É preciso ter os pés bem assentes no chão”.

O ex-atleta confessa não sentir muitas saudades da competição: “No ano passado não senti nada, não sei bem porquê. Não sei se foi por andar lá no meio deles ou se foi pelo cansaço. O Mundial deixou-me muito esgotado mentalmente. Mas confesso que na reta final deste campeonato deu-me o bichinho...".

Sobre a possibilidade de ser selecionador nacional um dia, Vítor Hugo comentou: “Era um orgulho máximo, mas não penso nisso honestamente. Deixa estar o Braz, que está a fazer um grande trabalho. Espero que ele esteja lá por muitos e bons anos”.

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