19 jun, 2018 - 19:41
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, defenderam esta terça-feira uma reforma da zona euro que passe por um orçamento comum e a reconversão do fundo de resgate numa versão europeia do FMI.
“Vamos empenhar-nos num orçamento do euro”, disse Merkel numa conferência de imprensa conjunta em Mesenberg, a norte de Berlim.
O orçamento comum poderá ser concretizado a partir de 2021, precisou Emmanuel Macron, e será “paralelo” ao quadro financeiro plurianual da União Europeia. Terá por objetivo “a convergência” entre os países.
Quando ao fundo de resgate - Mecanismo Europeu de Estabilidade -, Angela Merkel diz que deverá servir para dotar a zona euro de um “instrumento extra” para melhorar “a estabilidade” e enfrentar “problemas de liquidez”.
O mecanismo evoluirá, portanto, “na direção do FMI”, o Fundo Monetário Internacional, sublinhou.
Merkel e Macron reuniram-se esta terça-feira para conciliar posições com vista à cimeira europeia da próxima semana.
“É um acordo muito importante”
Em declarações à Renascença, Paulo Almeida Sande, especialista em assuntos europeus, diz que as propostas agora avançadas pela Alemanha e França “é a tentativa de concretização de uma promessa que se tornava cada vez mais ilusória”, de que no conselho europeu da próxima semana seriam dados passos concretos.
“É um acordo muito importante porque, embora ainda tenha de ser validado pelos restantes membros da zona euro, o facto de serem estes dois países a levarem já um princípio de acordo é uma boa oportunidade para a Europa dar um passo em frente num momento tão importante e delicado”, sublinha Paulo Almeida Sande.
A Comissão Europeia não deverá “gostar muito desta proposta” porque a criação de um Mecanismo Europeu de Estabilidade retirará poderes a Bruxelas, refere o especialista em assuntos europeus.
“Criar um orçamento da zona euro com um mecanismo que permita à Europa ter um musculo em termos de crises parecidas com aquela que levou à quase falência da zona euro, esse é o objetivo. Ainda estamos muito longe disso, mas pelo menos temos uma luz ao fundo do túnel”, defende Paulo Almeida Sande.