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Papa desafia cristãos a valorizarem mais a eucaristia e pede coragem para se combater a ilegalidade

03 jun, 2018 - 18:34 • Ângela Roque

Foi nas celebrações do Corpo de Deus a que presidiu este domingo, em Ostia. Naquela localidade dominada pela máfia, Francisco afirmou que é preciso derrubar “as amarras dos abusos e intimidações”, e abrir “os caminhos da justiça, da decência e da legalidade”.

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Na celebração com que assinalou este domingo a solenidade do Corpo de Deus, o Papa Francisco pediu aos cristãos que ponham “em primeiro lugar a Missa”, que voltem a descobrir “a adoração” de Cristo nas suas comunidades, e que estejam atentos aos outros, partilhando o que recebem na Eucaristia.

Porque não falta, lembrou o Papa, quem também precise de alimento espiritual, para além das necessidades materiais. “Há tantas pessoas privadas dum lugar decente para viver e do alimento para comer! Todos conhecemos pessoas sozinhas, atribuladas, necessitadas: são sacrários abandonados! Nós, que recebemos de Jesus alimentação e morada, estamos aqui para preparar um lugar e o alimento para estes irmãos mais frágeis. Ele fez-Se pão repartido para nós, e pede que nos doemos aos outros, que deixemos de viver para nós mesmos, mas vivamos um para o outro. É assim que se vive eucaristicamente”, afirmou o Papa durante a homília.

Ostia foi este ano a localidade escolhida para as celebrações do Corpo de Deus. A região, que se situa nos arredores de Roma, é dominada pela máfia, e Francisco não esqueceu essa realidade, referindo-se, na homilia, à “omertà”, o “código de silêncio” que defende os criminosos das autoridades. “Jesus deseja que sejam abatidos os muros da indiferença e da omertà (conivência), que sejam removidas as grades dos abusos e das arrogâncias, e que sejam abertos os caminhos da justiça, da equidade e da legalidade”, disse o Papa, lembrando que para fazer isso é necessário “desamarrar os cabos” do “medo” e da “opressão”.

“A eucaristia convida a deixarmo-nos levar pela onda de Jesus, não ficar na praia à espera que chegue qualquer coisa, mas zarpar livres, corajosos, unidos”, afirmou ainda, desafiando os cristãos a levarem a partilha que fazem na Eucaristia para a vida do dia a dia, porque a Eucaristia “é o coração palpitante da Igreja”.

Logo após a Missa na paróquia de Santa Mónica, Francisco presidiu à procissão do Corpo de Deus até à Paróquia de Nossa Senhora de Bonaria, devoção que inspirou a denominação da cidade de Buenos Aires, de onde é natural o Papa.

O dia do Corpo de Deus (Solenidade Litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo) é uma festa móvel do calendário litúrgico. Celebra-se sempre numa quinta-feira, 60 dias depois da Páscoa. Este ano foi a 31 de maio, mas em Itália por não ser feriado (como já aconteceu em Portugal), as celebrações passam para o domingo seguinte.

Esta festa começou a ser assinalada há mais de sete séculos, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula ‘Transiturus’, em 1264, dotando-a de Missa e ofício próprios.

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