07 mai, 2018 - 13:43 • Susana Madureira Martins
Foi entregue esta segunda-feira de manhã o prémio Norte-Sul do Conselho da Europa. Os laureados foram a finlandesa Kristina Kumpula e o queniano Abbas Gullet, dois altos dirigentes da Cruz Vermelha, escolhidos pelo trabalho humanitário que têm desenvolvido nos seus respetivos países.
A cerimónia de entrega do prémio decorreu no Parlamento português e contou com a presença do Presidente da República. Diante de Marcelo Rebelo de Sousa, a secretária-geral da Cruz Vermelha na Finlândia fez uma espécie de apelo para que a Europa não ceda à falta de solidariedade para com migrantes e refugiados.
"O movimento de milhares de pessoas de um país para outro e de um continente para outro mostra a manifesta desigualdade na distribuição dos benefícios da globalização", alertou Kumpula. "As pessoas deixam as suas casas para escapar da perseguição ou procurar um futuro melhor e as que tentam entrar na Europa encontram uma variedade de Europas", uma delas "virada para si própria, negativa, racista e onde não existe solidariedade para com os que entram".
Apesar disso, sublinhou, há "em diferentes zonas da Europa milhares de pessoas que querem defender a dignidade humana e os Direitos Humanos", o que a dirigente da instituição finlandesa considera ser "uma importante mensagem para todos os que tomam decisões e têm poder de influência".
Já Abba Gullet, secretário-geral da Cruz Vermelha no Quénia, destacou que o sofrimento não conhece fronteiras e apelou à cooperação entre os povos. "Os ataques aos Direitos Humanos têm de ter uma abordagem comum. A ação necessária para acabar com este sofrimento que não conhece fronteiras ou regiões exige cooperação entre culturas, pessoas, fronteiras e regiões. É este o maior desafio do nosso tempo."
As intervenções dos dois laureados foram de encontro ao discurso do Presidente português que, em linha com as palavras de Gullet, lembrou que a dignidade da pessoa humana não admite discriminações nem conhece fronteiras - fronteiras essas, ressaltou, que foram traçadas ao longo de séculos e que não têm qualquer valor perante as tragédias humanas a que se tem assistido.