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Costa fala no "maior investimento já feito nas prisões" em dia de protesto na Carregueira

23 abr, 2018 - 12:38

António Costa e Francisca Van Dunem estiveram presentes no encerramento da formação de cerca de 400 novos guardas prisionais. O anúncio acontece em dia de manifestação do sindicato do setor contra o novo horário de trabalho.

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O primeiro-ministro presidiu, esta segunda-feira, à cerimónia de encerramento de formação de cerca de 400 novos guardas prisionais, um reforço de cerca de 10% do efetivo que António Costa classifica como “o maior investimento alguma vez feito nesta área”.

“A resposta que aqui estamos a dar é exemplo do que estamos a fazer em cada um dos outros sectores da atividade do estado. Sabemos bem que o reforço que foi feito não é o suficiente e tem de ser prosseguido, como tem de ser o investimento na saúde, na educação, no sistema de transportes e em todos os outros domínios de ação do estado”, defendeu o primeiro-ministro na prisão da Carregueira, concelho de Sintra.

Contudo, alertou, para se conseguir esse objetivo, têm que se adotar alguns cuidados.

“É essencial que, em cada ano, façamos tudo o que é necessário sem fazer mais do que aquilo que podemos fazer. Só desta forma conseguiremos continuar a responder às necessidades do país, sem criar novos problemas ao país”, defendeu.

E, acrescentou, os riscos podem ser grandes, numa referência ao período de crise: “Sem regressar a períodos onde, em situação de rutura nos vimos totalmente privados de fazer os mínimos.”

António Costa sublinhou que o Programa de Estabilidade, aprovado há dias pelo Governo, prevê, nos próximos quatro anos, “um investimento de 100 milhões de euros em instalações e equipamento para melhorar as condições dos estabelecimentos prisionais”.

O primeiro-ministro elogiou o trabalho dos guardas prisionais que executam uma das “tarefas mais exigentes que o Estado tem de assegurar”, até pelas condições em que o fazem, “em auto-reclusão”.

A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, também presente na cerimónia, fez eco das palavras do primeiro-ministro e disse que o executivo “tem consciência da necessidade de investimento no sistema prisional”, mas defendeu que o aumento do número de efetivos “constitui um contributo marcante para a dignificação do nosso sistema prisional, afetado por anos de desinvestimento público e de depauperização dos seus recursos humanos e materiais.

No total, tomaram posse 386 novos guardas prisionais - 309 homens e 77 mulheres - depois de 14 terem desistido do curso.

Protesto

A cerimónia coincide com uma vigília, junto à prisão da Carregueira, promovida pelo Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, em protesto contra o novo horário de trabalho, pela dignificação da carreira e pela demissão do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata.

É o segundo protesto que o Sindicato promove em menos de um mês, depois de, a 27 de março, ter realizado uma vigília junto à residência oficial do primeiro-ministro.

Segundo o Ministério da Justiça, as cadeias portuguesas tinham, a 01 de abril, um total de 12.685 reclusos, sendo a taxa de ocupação de 98,4%.

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  • Rita
    23 abr, 2018 Lisboa 23:39
    É pena que uma das" tarefas mais exigentes que o Estado tem de assegurar”, seja tão mal paga, bem como tão levada à exaustão humana. Um Homem que trabalha durante 24h seguidas, que faz horas extras obrigatórias todos os meses sem serem pagas, que deixa a sua família durante tempos e no final do mês vê no seu recibo de ordenado um valor miserável. Mas sr. Primeiro-ministro tente contratar alguém com uma cara horária destas, com estas condições para desempenhar uma qualquer função em qualquer um dos gabinetes dos seus ministérios, é que garantidamente não tem. Mas os guardas têm "tarefas mais exigentes que o Estado tem de assegurar”.
  • eu
    23 abr, 2018 15:58
    A vergonha é para pessoas com princípios....através da comunicação social vomitar mentiras sobre a realidade prisional demonstra bem os princípios que possuem... aplaudem 400 guardas ser algo de extraordinário quando nem para colmatar a falta de efectivo o ingresso destes novos guardas o conseguiram fazer, cadeias a cair de podre cheias de ratos baratas, serviços clínicos com o mínimo indispensável tanto de material como de efectivos onde reina a tuberculose, sarna, HIV, hepatites, etc é a brincar com os profissionais que ali trabalham com uma escala que apenas visa tudo menos a segurança nas cadeias tanto de quem cumpre pena como de quem trabalha para sustentar a sua família... rácio de guardas/reclusos de 1/2/3 para 200/300 reclusos, pergunto eu onde está a reinserção social se nem internamente se consegue ter um corpo de guarda prisional capaz de impor regras e disciplina a quem a falta de civismo é predominante... o sistema abandona não só os guardas como directamente a população reclusa que sem guardas e com uma mau funcionamento do sistema prisional ainda mais condenados estão

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