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“Lia” é a nova amiga de Francisco, um menino portador de autismo

16 abr, 2018 - 12:50

Associação Portuguesa de Cães de Assistência iniciou a atividade há quatro anos e é pioneira na área dos cães para autismo.

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Conheceram-se há apenas duas semanas. “Lia”, tem quatro meses, e é um cão de água português. Francisco, de quatro anos, é um menino portador de autismo residente no Machico, na Madeira.

“Pretendemos que o cão faça a ponte entre a criança e o mundo que a rodeia”, disse à agência Lusa Rui Elvas, presidente da Associação Portuguesa de Cães de Assistência, vincando que o cão faz com que criança se foque nele, abstraindo-se dos elementos que a perturbam e mantendo deste modo um bom nível de conforto, tranquilidade e segurança.

Apesar do pouco tempo de convívio, a “Lia” já está bastante afeiçoada ao novo amigo, fazendo jus às qualidades da raça. "Estes cães têm uma ligação às crianças absolutamente fantástica e quase de imediato", explicou o mesmo responsável, destacando o facto de ser um cão de porte relativamente pequeno e que se mantém sempre ao pé das pessoas, além de que o seu pelo não cai e não provoca alergias.

Francisco tem quatro anos e nos primeiros dias não ligava muito à Lia, mas a sua mãe, Carla Pereira, está confiante que a situação vai mudar com o tempo.

"Aos poucos e poucos, ele vai ter consciência que está ali um animal para brincar, para o estimular, e penso que vai aproximar-se dele e a Lia também. Penso que vão fazer uma boa amizade", disse, realçando a importância que o cão poderá assumir no sentido de "facilitar a vida" à família.

A Associação Portuguesa de Cães de Assistência iniciou a atividade há quatro anos e é pioneira na área dos cães para autismo.

"Não estamos a trabalhar apenas em Portugal, mas também em Angola, Alemanha, Suíça e Dinamarca e temos já pedidos para o Dubai e para a ilha de Jersey", contou Rui Elvas, salientando que a Lia é o primeiro cão a ser entregue na Madeira, onde entretanto já foi feito mais um pedido.

No total, a associação dispõe de 13 cães a operar em Portugal e 18 ao nível internacional, havendo já uma lista de 250 pedidos.

"Um cão destes, em espaço nacional, custa em média 5.000 euros, incluindo todo o processo, desde a aquisição, treino e certificação, mas é um cão que faz 14 anos de vida, pelo que é um investimento a longo prazo", disse Rui Elvas.

Carla Pereira reconhece, por seu lado, os "custos muito elevados" do recurso a um cão de assistência, de cuja existência tomou conhecimento no dia de Natal de 2017 numa reportagem na televisão, onde se relatava a entrega do primeiro cão na ilha Terceira, nos Açores, curiosamente a um menino autista chamado Francisco, cuja mãe também se chamava Carla.

"Ficámos a pensar se seria ou não possível", conta, realçando que a família nunca tinha tido um cão, pelo que estes primeiros tempos com a Lia têm sido "muito complicados", embora esteja confiante que a situação vai melhorar com o tempo.

O processo de entrega de um cão de assistência decorre em três grandes etapas: a da adaptação à família, a da obediência e a do trabalho em espaço público, quando o animal começa a frequentar locais onde normalmente não é aceite, como restaurantes, lojas, centros comerciais ou aviões.

"O cão é acompanhado de forma regular durante um ano e meio pelo treinador e depois o processo torna-se natural", disse Rui Elvas.

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  • Anónimo
    17 abr, 2018 00:30
    Entretanto na Internet a escumalha da "alt-right" usa o termo "autista" como insulto. Que gente tão triste que vive nesta sociedade. Tomaram eles valerem um décimo do que vale uma pessoa autista.

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