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Sete distritais do BE exigem demissão imediata de diretora de Cultura do Centro

03 abr, 2018 - 13:50

Os cortes no apoio à cultura estão a ameaçar várias instituições. O Bloco exige substituição de Celeste Amaro.

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As distritais do Bloco de Esquerda da Região Centro exigiram, esta terça-feira, que o ministro da Cultura demita de imediato da diretora regional de Cultura do Centro, que elogiou uma companhia de Leiria que "não pedia dinheiro" ao Estado.

Em causa estão declarações de Celeste Amaro, feitas em Leiria, a 2 de março: "Vim cá a Leiria porque, por incrível que pareça, não me pediram dinheiro [o grupo Leirena]. Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central."

Na sequência destas declarações, e depois de vários protestos, incluindo o lançamento de uma petição que exige a demissão da responsável, os coordenadores distritais do Bloco de Esquerda (BE) de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Santarém e Viseu exigem que o ministro Luís Filipe Castro Mendes substitua de imediato Celeste Amaro, já que esta "demonstrou não saber estar à altura da dignidade do cargo para o qual foi nomeada".

"Ao minimizar a gravidade das declarações, o ministro da Cultura torna-se corresponsável por esta afronta aos agentes culturais, à generalidade dos cidadãos e das cidadãs, aos/às funcionários/as públicos/as que dignificam os lugares que ocupam e ao próprio Estado Português, enquanto garante do interesse público no nosso país. Ao fazê-lo, o Ministro contribui para alimentar a inaceitável narrativa da 'subsidio-dependência' dos artistas e das estruturas de criação, contradizendo também ele os princípios do Governo a que pertence", indicam.

Para o BE, este é "um comportamento que é particularmente danoso, também do ponto de vista simbólico, numa altura em que os agentes culturais que prestam serviço público sofrem as consequências dos cortes no financiamento da cultura realizados desde 2010, que o atual Governo tarda em corrigir, e dos lamentáveis atrasos na concretização do novo modelo de apoio às artes, pelos quais é responsável".

O BE recorda também que fez perguntas ao Governo sobre o assunto, mas que o ministro da Cultura não respondeu, tendo apenas afirmado na Assembleia da República que "após a retratação pública feita pela senhora diretora regional, estando quase no final do seu mandato, não se considera haver matéria para uma ação de demissão".

Este partido diz estar perplexo com esta reação do ministro, não só porque não houve retratação pública de Celeste Amaro, mas também "porque, perante a gravidade da situação, a relativa proximidade do fim do mandato não pode servir de desculpa para minimizar a falta".

Celeste Amaro é ouvida na quarta-feira, na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República, na sequência de um requerimento do grupo parlamentar do PCP sobre as declarações que proferiu acerca da não candidatura a apoios públicos às artes por parte do Leirena Teatro.

Comentários
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  • João Lopes
    03 abr, 2018 Viseu 15:30
    Uma cultura que não se impõe por si mesma, isto é que não atrai o povo, que é elitista, que só existe para si própria e que depende do subsídio do contribuinte, talvez não mereça existir…

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