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Mina de Urânio em Espanha. Comissão Europeia confirma parecer, mas não revela conteúdo

22 fev, 2018 - 12:13 • Vasco Gandra, em Bruxelas, com Rui Barros

O documento, que não é uma "luz verde" ao projecto, é verdadeiro, mas o seu conteúdo ainda é um mistério. Divulgação depende do "sim" da empresa e do governo espanhol.

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A Comissão Europeia (CE) confirma ter emitido um parecer sobre os efeitos radiológicos do projeto de exploração de urânio junto à fronteira portuguesa, ainda que não se pronuncie sobre as conclusões do parecer.

A validade do documento, que foi divulgado pela imprensa espanhola, foi confirmada à Renascença por um porta-voz da CE.

O documento - que não tem como objetivo dar qualquer parecer formal, mas sim verificar se o projeto cumpre os requisitos de proteção de radiação ou gestão segura de resíduos - está a circular na imprensa espanhola, numa versão rasurada, mas só poderá ser disponibilizado na integra se o país e a empresa em questão o autorizarem.

Ainda assim, atendendo que a exploração da mina avançou, é possível deduzir que a segurança radiológica está assegurada, um dado que a CE não confirmou. Sabe-se, contudo, que Espanha se comprometeu, ao abrigo do tratado EURATOM, a informar a Comissão Europeia sobre questões como projetos de descarga de efluentes radioativos e que a CE está a verificar o cumprimento de diretivas relativas à avaliação de impacto ambiental e preservação da fauna e flora selvagens.

Espanha terá informado que os impactos ambientais da mina de urânio em Retortillo, em Salamanca, junto à fronteira com Portugal, foram considerados durante a avaliação de impacto ambiental, concluída em 2013, tendo sido a afastada a possibilidade de efeitos ambientais transfronteiriços ainda antes de ter sido lançada a avaliação.

A mina de exploração deste material radioativo está a causar contestação dos dois lados da fronteira. Na quarta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) pediu um esclarecimento à Comissão Europeia sobre o alegado parecer positivo ao projeto, com a eurodeputada Marisa Matias a defender que se trata de uma questão ibérica, pedindo ao governo português para ser proactivo na defesa das populações.

“Embora com contornos ambientais diferentes, esta é uma questão muito semelhante à de Almaraz e o Governo português tem que defender a saúde das populações e o meio ambiente”, sublinha a eurodeputada bloquista.

O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, já pediu um encontro com a homóloga espanhola sobre esta questão.

Comentários
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  • cesarf
    22 fev, 2018 lisboa 14:45
    Como a agua está a escassear ,a nascente do maior rio ibérico-Tejo está seca,as eólicas e fotovoltaicas não dao resposta capaz restam as centrais de produção de energia nucleares.Aqui estao medidas da antecipação perante uma crise energética evidente,Em Portugal anda tudo cego ou comprarao como no passado energia á França e Espanha com os custos inerentes.
  • Paulo
    22 fev, 2018 Porto 12:35
    Ou seja, estão a investigar uma coisa que já validaram. Nem de Espanha nem de Bruxelas surgem bons ventos. O casamento, esse, já se sabe que não dá certo

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