11 fev, 2018 - 20:47 • Teresa Paula Costa
Os catequistas devem escutar mais os adolescentes e dar-lhes a oportunidade de eles proporem atividades. Esta foi a principal conclusão saída do Encontro Interdiocesano que reuniu centena e meia de catequistas da zona centro neste fim-de-semana em Fátima.
No final do encontro, o padre José Henrique disse à Renascença que “neste caminho de fé, os adolescentes têm também de ser protagonistas, não pode ser apenas um caminho proposto para eles, mas um caminho feito com eles.” Por isso, é importante “dar espaço para que eles se sintam envolvidos naquilo que vão fazendo.”
O diretor do serviço diocesano da catequese da diocese de Leiria-Fátima frisou também “a importância de considerar os adolescentes como capazes de fazer um caminho e como capazes de intervenção, sair daquilo que é alguma coisa para eles proposta, para eles poderem também sentir-se envolvidos naquilo que está a acontecer, não só na catequese, mas também na comunidade”.
Os catequistas, afirmou o sacerdote “têm muita boa vontade e presença de espírito e trabalham com eles, mas, naturalmente, estamos todos a aprender.” O contexto educativo em que vivemos, salientou o Padre José Henrique, “é complexo e é preciso olhar não como um problema que é inultrapassável, mas como um desafio que temos pela frente.”
Maria Luísa Boléo foi catequista durante dezanove anos no Instituto de Odivelas e disse à Renascença que, para se ser catequista deve ter-se “maturidade humana e maturidade de fé, o que nem sempre acontece.” Para a ex-catequista, “a adolescência de hoje tem problemas mais complexos” do que no seu tempo, dado que “os jovens hoje estão muito mais expostos a riscos tremendos, a conhecimentos que não são apropriados para eles, mas que lhes são atirados de qualquer maneira, a experiências que vêm com esses conhecimentos e tudo isto é muito complicado.” Um catequista muito jovem “não tem obviamente maturidade e não pode ser o apoio e a segurança de que o jovem precisa e que, às vezes, não tem nem na família nem no meio em que vive ou, às vezes, tem e rejeita.” Por outro lado, se é catequista de adolescentes “tem de ter um conhecimento grande das dificuldades próprias do adolescente ao longo da sua evolução e tem de ter bases muito sólidas do ponto de vista doutrinal, e vida espiritual, porque são coisas que não se passam aos outros se a própria pessoa não as tiver.”
Dada a especificidade da faixa etária “é preciso mais formação,” salientou o padre José Henrique. É preciso sempre “encontrar novas respostas, novas estratégias, e o próprio catequista deve procurar essa autoformação, não só em encontros como este, mas também naquilo que é a sua capacidade de análise, de crítica da sua própria experiência.” Hoje há “tantas possibilidades de formação às quais é preciso estarmos abertos,” afirmou o sacerdote.
“Adolescentes hoje – visão sociológica e psico-religiosa” foi o tema do encontro que reuniu catequistas das dioceses de Leiria-Fátima, Lisboa, Santarém, Setúbal, e Portalegre-Castelo Branco, no Centro Catequético de Fátima.