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​Remoção de espuma no Tejo é "operação estética" e "não resolve poluição do rio"

27 jan, 2018 - 15:10

Quercus alerta que "o problema da poluição no rio persiste e tem de se resolver a montante".

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Seis camiões cisterna começaram este sábado a remover a espuma de poluição concentrada junto do açude em Abrantes, distrito de Santarém, uma medida que a associação ambientalista Quercus afirmou ser uma "operação estética", lembrando que a poluição persiste.

"Esta remoção da espuma em Abrantes é uma operação mais estética, sendo certo que, se o Tejo não tiver uma tão grande acumulação de espuma, aparentemente, o rio fica com melhor imagem", disse à agência Lusa Domingos Patacho, tendo feito notar que a medida "não resolve o problema de poluição do rio".

Em declarações à Lusa, junto ao açude de Abrantes, o coordenador da Quercus do Ribatejo e Estremadura disse que "o problema da poluição no rio persiste e tem de se resolver a montante, junto das fontes de poluição, nomeadamente junto do complexo industrial de Vila Velha de Rodão".

Seis camiões 'hidrolimpadores' e uma equipa de 12 homens começaram hoje a recolher as espumas concentradas junto do açude de Abrantes, apoiados por pás e mangueiras aspiradoras, estando aquelas a ser encaminhada para Estações de Tratamento de Água (ETAR) da região, para tratamento.

Manto de espuma "dantesco" cobre Tejo em Abrantes
Manto de espuma "dantesco" cobre Tejo em Abrantes

Em declarações à Lusa, o técnico coordenador da equipa de trabalho contratada pela Agência Portuguesa do Ambiente, Paulo Amaro, disse que "as espumas estão a ser transportadas para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Nova da Barquinha", a cerca de 20 quilómetros de Abrantes, onde "serão depositadas em leitos de secagem para desidratação, oxigenação e anulação", tendo referido não existir "qualquer perigo".

Segundo aquele responsável da EPAL - Águas de Portugal do Vale do Tejo, o trabalho dos camiões cisterna de recolha da espuma "não tem prazo para terminar, e vai decorrer todos os dias, enquanto houver luz, e até instruções em contrário".

Arlindo Marques, do Movimento pelo Tejo - proTEJO, disse à Lusa, por sua vez, que este "é um trabalho inglório", tendo referido que "a poluição continua nas águas" e que estas, "ao serem mexidas, vão continuar a fazer espuma".

Segundo o ambientalista, "as espumas verificam-se também a montante de Abrantes, na zona de Ortiga", Mação, tendo defendido que a questão "só se resolve recolhendo toda a água do Tejo e indo à origem da poluição", que disse estar "em Vila Velha de Rodão".

A remoção da espuma que cobre o Tejo em Abrantes, a redução da atividade da empresa Celtejo e a retirada de sedimentos do fundo de albufeiras foram medidas anunciadas na sexta-feira em Abrantes pelo Governo devido à poluição registada recentemente no rio.

Numa conferência de imprensa em Abrantes, na sexta-feira, após uma reunião com várias entidades, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, referiu que foram mobilizados seis camiões para a remoção da espuma nas margens do Tejo, junto ao açude de Abrantes, tendo afirmado que iniciariam hoje a sua operação.

"Não se resolve desta forma o problema da poluição, mas reduziremos em parte o seu impacto visual e impediremos que a poluição proceda para jusante", afirmou o governante.

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