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PJ recupera em Espanha moeda romana "única" no mundo

22 jan, 2018 - 15:47

As moedas estavam desaparecidas desde 1985 e a Polícia Judiciária foi encontrá-las em Espanha, prontas para serem vendidas num leilão.

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A Polícia Judiciária (PJ) recuperou, num leilão em Espanha, uma moeda romana em prata do ano 68/69 d.C., considerada peça da antiguidade clássica “única no mundo”. A peça foi entregue esta segunda-feira ao Museu Arqueológico D. Diogo de Sousa (Braga).

“É um denário [antiga moeda romana] de prata, do período das guerras civis, dos anos 68/69 [do tempo do imperador romano Galba], e portanto é uma peça única (…), emitida na Península Ibérica, na Hispânia”, revelou à agência Lusa Rui Centeno, um especialista com um doutoramento sobre “O furto e o comércio de património numismático - O caso do tesouro de denários do monte da Nossa Senhora da Piedade, em Alijó”.

A moeda romana apareceu num leilão em Madrid, em Outubro de 2016, com uma base de licitação de sete mil euros. Foi descoberta e reportada pelo historiador português Rui Centeno à PJ, que accionou os trâmites necessários para que se conseguisse transferir aquele espólio de Espanha para Portugal.

A apreensão das moedas romanas e a sua entrega ao Estado português culmina, assim, uma investigação da PJ, cujo inquérito foi aberto em 2016 no Departamento de Investigação e Acção Penal.

A história de um denário perdido

O denário e o resto da colecção de moedas romanas tinham desaparecido do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, no concelho de Alijó (Vila Real), e, segundo a PJ, são património português. Foram furtadas em 1985 do santuário, depois de terem sido descobertas “dentro de um pote” durante umas escavações arqueológicas.

A colecção de moedas da antiguidade clássica, que foi recuperada pela brigada da Judiciária do Norte da secção dos crimes de furto e falsificação de obras de arte, poderia facilmente ter sido vendido no leilão de Madrid para o British Museum (Reino Unido) ou para o Museu de Berlim (Alemanha) ou para o Câbinet de Médaille, em Paris (França), explicou o historiador Rui Centeno. Acrescentou que, agora que a colecção das moedas romanas foi recuperada, deve ir para um local que acautele os interesses de Portugal e que conserve e preserve bem aquele património.

“Temos uma moeda única e deve estar bem acautelada, porque hoje a numismática movimenta biliões em todo o mundo e isto é uma peça muito apetecível em qualquer leilão”, acrescenta o especialista, afirmando que a instituição que vai acolher este património deve ter condições de segurança e de preservação do património”.

A instituição que vai acolher o denário e o resto das moedas romanas recuperadas é o Museu Arqueológico D. Diogo de Sousa, em Braga, disse o director da Judiciária do Norte, Batista Romão, considerando que o trabalho da “pequena, mas especializada e muito dedicada” brigada da Polícia Judiciária é um bom exemplo de como a “Judiciária está atenta a este fenómeno do contrabando e dos furtos” do património português, “seja das moedas, seja na pintura, seja noutras áreas”.

“Desde que efectivamente tenha elementos para trabalhar, rapidamente se põe no terreno e consegue os bons resultados nesta área”, considerou Batista Romão, referindo que as moedas vão agora ser entregues ao Estado português, ficando na posse do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, em Braga, um museu regional da zona Norte.

Em entrevista à agência Lusa, Isabel Silva, uma das responsáveis pelo Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, avançou que o denário, tal como o resto da colecção recuperada, poderá ser vista pelo público ao longo deste ano de 2018.

“Acabam por reentrar no museu e ser fruídas pelo público tantos anos depois. Isto significa que, por um lado, há uma polícia que está atenta e empenhada nestes processos de recuperação de obras de arte e, por outro, vem realçar a importância das colecções serem inventariadas e estudadas”, observou Isabel Silva, considerando “extraordinário” que a brigada da Judiciária tenha conseguido recuperar cerca de 30 anos depois as moedas romanas desaparecidas de Alijó.

[notícia corrigida - moedas recuperadas 30 e não 20 anos depois]

Comentários
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  • Fernando Costa
    23 jan, 2018 Lisboa 15:48
    Elogios à Judiciária, uma polícia... e nada de nada ao responsável pela sua descoberta no leilão, pela responsável pelo Museu de Arqueologia, o Historiador Rui Centeno ! Será que há quem não goste de Centenos ...?
  • jose monteiro
    23 jan, 2018 sanfins do douro 13:46
    Sanfins do Douro, vila sede da freguesia do mesmo nome, "chorou" durante tantos anos a perda, por roubo, das suas moedas, que exultou com a notícia da sua recuperação. Pena é que a identificação do local do seu achado seja apenas Alijó, mesmo sendo a sede do concelho. Também não me parece justo que a sua guarda seja confiada a um museu de Braga. Julgo que em Vila Real, a que o concelho pertence, também tem museus--- O seu a seu dono!
  • Carlos
    22 jan, 2018 Braga 21:07
    O Museu De Arqueologia D. Diogo de Sousa é um museu na dependência do Instituto dos Museus e da Secretaria de Estado da Cultura.
  • João Bessa Vilela
    22 jan, 2018 Sanfins do Douro 19:58
    Essas moedas foram roubadas em 1985, de uma montra de um salão da ermida de Nossa Senhora da Piedade, situada em Sanfins do Douro, onde estavam expostas ao público. Foram encontradas por um operário que trabalhava na construção de uma escada que desce do adro e que atualmente dá acesso ao bar restaurante. Estavam dentro de um recipiente de barro, inserido numa pequena caverna no muro de suporte do adro. Recordar que a ermida foi construída num antigo forte romano, Há outros vestígios da passagem dos romanos por Sanfins do Douro, como as caldas romanas actualmente enterradas debaixo do quartel dos bombeiros.
  • Rogério Oliveira
    22 jan, 2018 Lisboa 19:42
    Sinceros parabéns á Polícia Judiciária por este trabalho. Muito obrigado
  • Miguel
    22 jan, 2018 19:02
    Rui Centeno teve uma atitude notável. Muito bem.
  • Ana
    22 jan, 2018 Boticas 18:54
    Esperem lá, então dizem que "As moedas estavam desaparecidas desde 1985 e a Polícia Judiciária foi encontrá-las em Espanha, prontas para serem vendidas num leilão." e depois dizem que "considerando "extraordinário” que a brigada da Judiciária tenha conseguido recuperar cerca de 20 anos depois as moedas romanas desaparecidas de Alijó.". Acho que essas contas estão um pouco trocadas, de 1985 a 2016, data em que as moedas iam a leilão, vão exatamente 31 anos... é só fazer as contas, bem feitas de preferência... são só cerca de 10 anos de erro... coisa pouca.
  • Tem pai que é cego
    22 jan, 2018 Lisboa 18:00
    Vejam agora se conseguem descobrir onde pára o dinheiro do BPN e do BES.
  • AA
    22 jan, 2018 LX 17:14
    OS ESPANHÓIS VÊM A PORTUGAL MAS É PARA ROUBAR TUDO O QUE PODEM. COM A AJUDA DE MUITOS PORTUGUESES INFELIZMENTE. OS CHAMADOS LADRÕES, CORRUPTOS E TRAIDORES TUGAS.

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