14 nov, 2017
No sábado, celebrou-se o Dia Nacional da Polónia, comemorando a independência que o país recuperou em 1918, no fim da I Guerra Mundial, após 123 anos em que não teve soberania sobre o seu território. Depois disso, a Polónia seria alvo de agressões e ocupações militares da Alemanha nazi e da Rússia soviética.
Assim, no passado sábado, entre 60 e 100 mil pessoas manifestaram-se em Varsóvia. Tradicionalmente, estas comemorações são organizadas por partidos de extrema-direita. O que não é saudável, até porque a Polónia não foi apenas vítima dos seus vizinhos – também ali houve surtos de antissemitismo e de perseguição a judeus.
Este ano, porém, a extrema-direita parece ter exagerado. Na manifestação viam-se cartazes com frases como “Polónia pura, Polónia branca”, “Refugiados, fora!”, “Rezem pelo holocausto islâmico”, etc.
Esta última frase é particularmente chocante num país cuja identidade nacional está muito ligada ao catolicismo. Aliás, na convocatória da manifestação dizia-se que a palavra de ordem seria “nós queremos Deus”. E um orador da manifestação defendeu que a cultura cristã é superior à cultura islâmica.
Ora, as proclamações racistas e xenófobas nada têm a ver com o cristianismo – estão mais perto do nazismo. Uma ideologia que o Papa Pio XI condenou numa encíclica em 1937, antes de se concretizarem as barbaridades do Holocausto. E em 2005 o Papa Bento XVI, além de lamentar os “novos sinais de antissemitismo”, classificou o nazismo de “ideologia racista demente de matriz neopagã”.
O Presidente da República polaca não se demarcou das inaceitáveis afirmações neonazis da manifestação. O que é lamentável. Mas, ao menos, não confundam a fé católica com proclamações neopagãs, se não mesmo neonazis.