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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Estado caloteiro

10 nov, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os atrasos nos pagamentos pelo Estado a fornecedores desmoralizam a sociedade.

Há décadas que critico os atrasos nos pagamentos do Estado a fornecedores. Nada de original: em princípio toda a gente está contra. Várias vezes sucessivos governos prometeram acabar com essa chaga. Em vão: ela continua.

Desta vez o maior problema é na saúde. O Conselho Nacional de Saúde afirmou que o Serviço Nacional de Saúde está subfinanciado no Orçamento para 2018 e que a dívida a fornecedores já ultrapassa os mil milhões de euros – ou seja, vai aumentar. Por sua vez, o CES, Conselho Económico e Social (presidido pelo ex-ministro da Saúde Correia de Campos), confirmou que o sector da Saúde tem estado claramente sub-orçamentado.

Resultado, segundo o CES: aumento das listas de espera para cirurgias, multiplicação de infecções bacterianas (não é só a legionela...), etc. Mas há outros efeitos perversos nos atrasos de pagamentos do Estado. Os fornecedores, sabendo que só serão pagos muitos meses mais tarde, aumentam os preços; sai mais caro ao Estado, ou melhor, aos contribuintes. E como as empresas não são pontualmente pagas, elas próprias não pagam a tempo o que devem. Em casos extremos, algumas dessas empresas vão à falência. É um ciclo infernal.

Depois, a falta de um equipamento ou de profissionais, à espera que as verbas sejam desbloqueadas, leva a que outros profissionais não possam trabalhar, continuando, porém, a receber o seu salário. Caso, por exemplo, de cirurgiões que não podem operar por não haver anestesista disponível.

Talvez o efeito mais negativo dos atrasos nos pagamentos do sector público esteja em que, de certo modo, fomentam a evasão fiscal. Pois se o Estado não paga a tempo e horas, por que motivo haverei eu de pagar pontualmente os impostos? Assim se desmoraliza a sociedade.

Comentários
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  • Pedro Silva
    11 nov, 2017 Lisboa 16:43
    E assim, uma vez mais, me desmoralizo com a sua crónica, Sr. Sarsfield Cabral. Não há dia em que o senhor não critique o governo de António Costa. Já no anterior governo, por cada má opção, o senhor ou fazia de conta que não via ou, então, dizia bem. É o que se chama uma opinião parcial paga por uma estação de rádio conservadora e parcial, que tenta fazer a cabeça da opinião pública.
  • No país da diversão
    11 nov, 2017 Lisboa 13:49
    Quando se fala em dinheiro e futebol, há sempre muitos comentários. Isto demonstra um dos grandes problemas deste país, o povo! O povo gosta tanto de dinheiro como outros que critica. O que é importante são os valores e as pessoas, não o dinheiro nem o futebol. Depois a imprensa também só vê o que quer ver, filtra as noticias e com isso manipula as pessoas. Há coisas bem mais graves que acontecem neste país!
  • JP
    10 nov, 2017 Olhão 20:35
    Sr José Silva a crítica faz parte da democracia bem como a diferença de opinião. Mas o sr já que é empresário e fornecedor do estado só tem uma solução se o estado não lhe paga dentro dos prazos préviamente contratado só tem tem que deixar de fornecer o seu produto ao dito estado a não ser que seja o estado o único cliente que tem. Meu caro sr as regras do jogo são estas e pode crer sei do que falo.
  • Joao
    10 nov, 2017 Lisboa 16:28
    Pois, mas eu como contribuinte, levo com greves e mais greves e não tenho mecanismo de justiça nenhum porque se o fisco sequer desconfia que eu pratico alguma invasão fiscal cai-me em cima de forma severa! O estado esse, pode prevaricar à vontade com o dinheiro do meu trabalho... é desmoralizante... antigamente pensava que era justo pagar impostos e apontava o dedo à fuga... hoje entendo que o estado é o pior governador do dinheiro do contribuinte. veja-se a corrupção envolvida no Processo Marquês entre muitos outros!
  • José Silva
    10 nov, 2017 Oeiras 13:49
    Pelos comentários aqui presentes, é possivel aferir a baixa cidadania e o total desrespeito pela liberdade de expressão. Se não tivermos todos a mesma opinião, então toca a ofender e descriminar tal como numa ditadura. Estes são os valores do nosso Portugal de hoje. Após ler os comentários, e antes de colocar o meu, li os termos e condições para o envio de comentários nesta página e só me deu vontade de rir. Se com moderadores a aprovarem os comentários, isto está assim, então sem moderadores..... Em relação ao artigo em si, que tem uma micro empresa como eu e fornece o sector público sente a tremenda injustiça que são os enormes atrasos (após o prazo de pagamento com o estado ou entidades públicas acordado através de contracto) por parte destas entidades, quando as empresas privadas têm de cumprir escrupulosamente as datas limites para pagamentos ao estado sob pena de coimas elevadas e, até processos-crime. Seja qual seja o governo e sejamos nós de direita ou de esquerda, deveriamos todos indignarmos com estas situações assim como decerto nos indignariamos se as reformas ou prestações sociais não fossem pagas a tempo e horas pelo estado a quem tem direito a elas. As empresas não são abstratas, são compostas por pessoas que dependem da atividade comercial dessa entidade e não são mais nem menos do que qualquer outro cidadão.
  • JP
    10 nov, 2017 Olhão 13:04
    Não me alongando num comentário a algo que não merece grande perda de tempo sempre digo Sr Cabral sabe muito bem que em transações comerciais nunca se paga a pronto mas sempre a 30 ou 90 dias senão mais dependendo do estabelecido nesses contratos e isto também é válido no privado e ao contrário do privado no estado não há mal parado e calotes sem retorno. Não é assim senhor Cabral? O tema quando tratado de forma politizada tem sempre contornos dúbios como tal para mim vale o que vale
  • emigrante
    10 nov, 2017 Londres 12:32
    Os Metralhas ao serviço deste governo, detestam ouvir as verdades, já se esqueceram dos atrasos nos pagamentos das autarquias que foi regularizado no governo do Passos Coelho, sendo hoje um não assunto e contribuindo para o crescimento da economia.
  • JOSE MARTINS FERREIR
    10 nov, 2017 LISBOA 12:28
    É TRISTE QUE TODOS OS POLÍTICOS , SER POUCO HONESTOS, ENOJA-ME ESTE TIPO DE GENTE- VAIDOSOS, CALOTEIROS, CHARLATÃES, E QUE POÊ A GNR A MIJAR ATRAS DAS ARVORES, PARA NÃO SEREM ENCOMODADOS, É POR ESTAS E OUTRAS QUE EU NÃO VOTO. NA SS,NÃO É POSSIVEL LIGAR PARA O 300502502, POSSO PROVAR PELA FATURA TELEFONICA, LEVAMOS UMA SECA Á ESPERA , E OUTRA SECA JÁ A PAGAR PARA SERMOS ATENDIDOS, E AO FIM DE 10M , INFORMAM QUE NÃO É POSSIVEL ATENDER LIGUE MAIS TARDE, AGORA ATÉ O PRESIDENTE DO INSTITUTO DA SS, NÃO TEM TELEFONE NEM EMAIL PARA PODERMOS CONTESTAR, NEM A SECRETARIA DE ESTADO , NEM O MINISTRO, PELO PELOS NO OUTRO MINISTRO ANTERIOR, O TAL QUE NOS CHUPOU ATÉ AO TOTANO PELO MENOS TINAHM OS EMAILS,É TRITS VIVER NUM PAIS, ASSIM, MAS PARE-SE QUE PARA O LADO DE SÃO BENTO NEM O COZINHEIRO ESCAPOU.
  • JC
    10 nov, 2017 charneca da caparica 12:03
    Ainda dizem que o SNS está mal, não, não está e a prova disso é que conseguiu que este senhor acordasse de um coma profundo de mais de 4 anos. Bem vindo à realidade, mas cuidado, talvez um Xanax ajudasse a não entrar em desespero cronico porque ainda faltam dois anos e depois sabe-se lá !!!!
  • Bento Fidalgo
    10 nov, 2017 Agualva 11:57
    A questão não é de esquerda ou direita, é geral a todos os governos. Quando se tem de pedir emprestado para pagar as exigências, sem meios para as satisfazer, dos políticos e funcionários do estado, expõe-se a moral ao não se pagar a quem fornece o estado, estando meses e meses à espera de pagamento, tendo muitas vezes que pedir emprestado também para conseguir manter o seu funcionamento. O pessoal do estado é que devia estar meses sem receber até não haver dívida. Era a melhor arma contra a corrupção, o despesismo e desperdício no estado.