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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​O modelo chinês

19 out, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A ditadura do partido único reforça-se na China, que quer uma maior presença internacional.

Começou o congresso do Partido Comunista Chinês, com 2 300 participantes. Como, na China, o partido único se confunde com o Estado é nestes congressos que se definem as grandes linhas da política chinesa. Congressos que só acontecem de cinco em cinco anos,

Xi Ping, o presidente que certamente avançará para um segundo mandato de cinco anos, fez um discurso de três horas. Internamente, Xi Ping quer modernizar a China, combater a corrupção (combate em curso e que dá jeito para afastar eventuais adversários) e consolidar o poder do partido e o seu próprio poder, que já é enorme. A finalidade é construir um “socialismo de características chinesas”. O que, na prática, quer dizer que os direitos humanos e as liberdades civis e políticas serão cada vez menos respeitados na China.

Externamente, Xi Ping pretende uma maior presença internacional da China. O que pode ter um lado positivo, numa altura em que Trump vira os EUA para dentro e promove o proteccionismo, algo que não convém às exportações chinesas.

Mas também existe aí um lado perigoso. A China tem vindo a aumentar o seu poderio militar e tem pretensões ilegais (do ponto de vista do direito internacional) sobre zonas marítimas ao largo do Sul do país. Tudo isto alarma não só Taiwn, que teoricamente é parte da China, como os países vizinhos, incluindo o Japão.

Para Xi Ping o modelo chinês é ideal para países em desenvolvimento, o que não surpreende. E é um facto que vários líderes políticos do que antes se chamava o Terceiro Mundo olham com apreço o modelo de capitalismo de Estado da China. Um modelo que levou a um surto de crescimento económico nunca antes visto, mas que pouco tem a ver com a democracia.

Comentários
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  • sofia
    19 out, 2017 lisboa 14:44
    Quando diz que o socialismo de características chinesas significa que os direitos humanos e as liberdades civis e políticas serão cada vez menos respeitados, gostava de saber por comparação a quando (!). É que eu saiba, os direitos humanos e as liberdades civis e políticas NUNCA foram respeitados. Usar esse truque de vir assustar com o bicho-papão, já parece o outro que dizia que vinha lá o diabo. Um bocadinho mais de rigor e de menos retórica agradecia-se
  • Ricardo Martins
    19 out, 2017 Lisboa 13:43
    Não se percebe as críticas do Dr . Cabral ao modelo chinês , vendo bem fazem o que ele defende para Portugal como bom direitolas : salários de miséria, trabalho precário , liberalização dos despedimentos , jornada de trabalho de 10-12 horas por dia enfim o sonho dum bom liberal como o Dr. Cabral e claro da UE de federestas que nos governa.