21 jul, 2017
Lisboa tem um problema de transportes complicado. Em Lisboa vivem 550 mil habitantes, mas a área metropolitana terá cerca de 2,8 milhões, muitos dos quais trabalham na capital.
Os transportes públicos na cidade e na área metropolitana estão degradados, reconheceu Fernando Medina numa recente entrevista ao Diário de Notícias e à TSF. E lamentou a falta de investimento de manutenção na linha de Cascais, a ausência de um transporte público pesado de passageiros na auto-estrada A5, as dificuldades e os preços que paga quem vem da margem Sul do Tejo (por isso o presidente da Câmara de Lisboa rejeita, com razão, uma portagem na capital), etc.
O nó do problema está em que cada vez mais as pessoas são empurradas para viverem fora de Lisboa, em concelhos limítrofes – e como não têm acesso a transportes públicos capazes, trazem os seus carros para a cidade, na maioria em transporte individual. Todos os dias entram cerca de 370 mil automóveis em Lisboa, que ao fim da tarde regressam aos locais onde os proprietários habitam. E cada vez mais: entre 2014 e 2016 verificou-se um aumento de 15 mil carros a entrar na cidade, enfrentando inúmeros engarrafamentos, num trânsito frequentemente infernal, que vai piorando.
F. Medina não se alargou quando os entrevistadores Paulo Baldaia e Anselmo Crespo lhe falaram na criação de parques de estacionamento à entrada da cidade, com bons transportes públicos a partir daí. Concordou, mas não se comprometeu em desenvolver mais esta possível solução, naturalmente limitada e que já existe em pequena escala.
A grande aposta de F. Medina parece ser uma grande melhoria da Carris, hoje um transporte público deplorável. Promete Medina para daqui a quatro anos uma Carris com melhores equipamentos, mais confortáveis, com mais rotas, com melhor serviço. Promessa realista? Veremos.
Aliás, melhorar a Carris não chega. São necessários os outros investimentos para reparar as carências que Medina refere. Só que não dependem dele, se for reeleito. Por muita influência que a Câmara de Lisboa tenha na área metropolitana e no próprio Governo, não possui capacidade suficiente, nomeadamente no plano financeiro, para resolver o problema de fundo: a expulsão dos habitantes da capital para fora de Lisboa.