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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Descentralizar em Portugal

14 jun, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Não são convincentes os argumentos do primeiro-ministro para escolher candidatar Lisboa a futura sede da AEM.

A saída do Reino Unido da UE implica que as agências europeias instaladas em território britânico se desloquem para outro Estado-membro. É o caso da Agência Europeia do Medicamento (AEM), até agora em Londres.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, pretendia que Portugal candidatasse aquela cidade para receber a AEM. O primeiro-ministro respondeu-lhe em carta tornada pública, dizendo que ele até gostaria muito, mas que tal não é possível. O Governo escolheu Lisboa para candidatar.

António Costa apresenta vários argumentos. A proximidade, em Lisboa, do Infarmed é um deles e não parece convincente. Outro argumento governamental a favor de Lisboa é que só nesta cidade poderá vir a existir uma Escola Europeia, destinada prioritariamente a filhos de funcionários europeus.

Ora, num artigo ontem, no “Público”, o eurodeputado Paulo Rangel – que conhece bem como funcionam as instituições europeias – defende que a AEM deveria instalar-se no Porto ou em Braga, sublinhando que, aí, não é problema “a disponibilização de infra-estruturas de educação para os filhos dos funcionários”.

O terceiro argumento do primeiro-ministro para optar por Lisboa é surpreendente: existirem já na capital portuguesa duas agências europeias a funcionar (Observatório da Droga e da Toxicodependência e Agência Europeia de Segurança Marítima).

Digo surpreendente, porque Paulo Rangel aponta a existência em Lisboa dessas duas agências como um factor que prejudica a candidatura da capital portuguesa: “apresentar como candidata a sede da AEM uma cidade que alberga já as sedes de duas agências europeias é meio caminho andado para enfraquecer e condenar essa candidatura”. Faz sentido.

A Renascença investigou e concluiu que, se vier para Lisboa a AEM, Portugal será o país membro, a par da Hungria, com maior número de agências europeias na capital. Das 39 agências descentralizadas da UE apenas 14 se situam em capitais. Espanha acolhe cinco agências europeias, nenhuma em Madrid...

O centralismo lisboeta precisa de arranjar melhores argumentos.

Comentários
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  • Rui Miguel
    16 jun, 2017 Porto 16:26
    Estou pasmado com esta tomada de posição!
  • José Ferreira da Sil
    16 jun, 2017 Gaia 14:51
    O centralismo é provinciano. Neste momento as boas noticias estão só concentradas em Lisboa . A UE vai escolher uma Cidade e não um país para instalar a AEM . Almeria em espanha tem uma agencia europeia. Bona tem agencia aeuropeia e em franca Lille é a candida à mesma agencia . Lisboa faria um favor a Portugal se não se candidata-se a mais uma agencia europeia . A possibilidades de trazer uma agencia europeia são maiores se esta não ficar em Lisboa .
  • Fernando Saraiva
    15 jun, 2017 Porto 12:11
    Acho importante não pôr os ovos todos na mesma cesta, mas diversificar o investimento pelo resto do território. E se houver uma calamidade em Lisboa? Será que o país terá recursos económicos para pagar ordenados, pensões entre outros devido ao fato de a economia "possivelmente" poder estar dependente demais da capital? Acho que a diversificação de investimentos deve ser vista com atenção.
  • INJUSTUS
    14 jun, 2017 Porto 18:05
    Comenta o sr "JUSTUS" : "E quais são os argumentos do Porto ou de Braga? Nenhuns"... Não sei se conhece alguma coisa do nosso país para além da sua rua, porque se conhecesse, saberia que o Porto tem todas as condições para acolher a AEM. e quem fala no Porto pode muito bem dizer o mesmo de Braga. A única coisa em que Lisboa ganha ao Porto é no número de tuk-tuks.
  • Justus
    14 jun, 2017 Espinho 16:11
    E quais são os argumentos do Porto ou de Braga? Nenhuns, absolutamente nenhuns. E o nosso escriba, S. Cabral, não tem argumentos nem ninguém os apresentou relativamente a outras cidades, mas, como é óbvio, tem que criticar só porque Lisboa foi a opção do governo, que ele detesta. Eu também não me importaria e até gostaria que essa agência viesse para o Porto ou Braga. Só que, infelizmente, todos nós sabemos que, se não for Lisboa a cidade candidata, Portugal pode dizer logo e definitivamente adeus a essa candidatura. É preciso que estes escribas alinhados raciocinem um pouco e percebam que não é só Portugal que define as condições necessárias para as candidaturas das cidades. Há muitos outros interesses, desde logo o dos funcionários dessas agências que não estão dispostos a deslocarem-se para outro sítio que não seja Lisboa. Os escribas só vêm a intriga e a maledicência e o que neste caso desejam é que a dita Agência não venha para Portugal, porque isso seria, na opinião deles, um desaire do governo e motivo para críticas. O seu patriotismo é este e só este: quanto pior acontecer em Portugal, melhor para o seu partido. Ficam felizes e satisfeitos se algo acontece contra os desejos deste governo. São assim os invejosos. Não têm soluções para nada e só sabem criticar o que os outros fazem. São um bando de incompetentes e de gente hipócrita. Aqueles a quem Cristo gritou bem alto: Ai de vós escribas e fariseus hipócritas!
  • A Razão
    14 jun, 2017 Olhão 15:55
    Isto só prova que Costa não quer saber das eleições autárquicas e decide no interesse do país.
  • JP
    14 jun, 2017 Lisboa 12:44
    Neste caso como na TAP está escolhido ponto final. Sr Cabral se não satisfaz a resposta do 1 ministro de Portugal eleito por maioria absoluta na AR o problema é seu porque pode haver opinião contrária. Depois nomear o artigo do Rangel no público é tão válido como a questão da geringonça do outro grande escritor do mesmo jornal. Temos pena a maioria é outra.
  • Marco Visan
    14 jun, 2017 Lisboa 08:33
    O argumento de Paulo Rangel faz sentido, porque este pertence ao PSD, o partido de Francisco Sarsfield Cabral. O que não faz sentido é o senhor continuar a usar esta coluna como meio de fazer propaganda pelo PSD e as suas políticas, como tem vindo a fazer até agora.