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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A percepção e a realidade da segurança

06 jun, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Portugal é um país mais seguro do que muitos portugueses julgam.

Na passada sexta-feira foi aqui publicado um texto com o título “Portugal é o terceiro país mais pacífico do mundo”. O artigo dizia respeito ao último Índice Global da Paz, realizado pelo Instituto para a Economia e Paz (IEP), com sede em Sydney, Austrália. O IEP assinalava uma “melhoria notável” na segurança em Portugal, já que há cinco anos ocupava a 16.ª posição e agora já era o terceiro, depois da Islândia e da Nova Zelândia.

Os comentários a este texto revelavam incredulidade – mais segurança em Portugal, como é possível se assistimos a tantos crimes? Deve dizer-se que o índice do IEP envolve 23 indicadores, alguns dos quais não têm a ver directamente com a criminalidade. Indicadores como a importação de armas, manifestações violentas, operações militares no exterior, tamanho das Forças Armadas, estabilidade política, etc.

Ora consultando o mais recente (2016) Relatório Anual de Segurança Interna, elaborado com elementos fornecidos pelas entidades policiais e outras que constituem o Sistema Nacional de Segurança, verifica-se uma queda significativa na criminalidade participada às autoridades; a não participada não conta, naturalmente, para estas estatísticas.

Em 2014 (último ano para o qual existiam dados comparáveis quando foi feito o relatório) Portugal registava níveis de criminalidade muito inferiores à média da União Europeia. Entre 2008 e 2016 a criminalidade geral desceu 21% no nosso país; e, dentro dela, a criminalidade violenta e grave diminuiu quase um terço (menos 32 %).

É em boa parte por causa da segurança que tantos estrangeiros procuram Portugal, para turismo e também para residirem (aí jogam outros factores, claro, como os fiscais). Mas muitos portugueses acham que a insegurança aumenta assustadoramente no país, o que não é verdade, pelo contrário.

A discrepância entre a percepção das pessoas sobre criminalidade e violência e a realidade poderá ser, em parte, explicada pela exploração crescente do crime e do sangue por alguma comunicação social sensacionalista, nomeadamente televisiva. Mas também é verdade que nós, portugueses, adoramos dizer mal do nosso país.

Comentários
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  • Raul
    06 jun, 2017 Lisboa 17:26
    Pois esta claro as cadeias estão sob-lotadas,pode andar-se a qualquer hora em todas as zonas de Lisboa que nada acontece ,não há assaltos a residencias , automóveis e de rua.Enfim um paraiso na Terra.Se queremos resultados fiáveis os indicadores devem ser escolhidos criteriosamente para determinado ou determinados fins,caso contrario temos resultados enviusados e as conclusoes não são verosimeis
  • JP
    06 jun, 2017 Lisboa 10:37
    Será inocente o sr Cabral referir o período 2008/2016. É como a Teodora. Já vale tudo até os milagres.
  • Alexandre
    06 jun, 2017 Lisboa 08:37
    Muito fraco, este seu texto. Poderia ter feito melhor, não podia? No entanto, a Renascença paga-lhe para escrever este tipo de coisas que bem poderiam ter sido lidas no editorial do «Correio da Manhã». Tristeza!