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Opinião de Luís Cabral
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Discriminação e equilíbrio de mercado

02 jun, 2017 • Opinião de Luís Cabral


O problema da discriminação não se limita à Airbnb. Se as seguradores fossem obrigadas a fixar os mesmos prémios independentemente da idade, o mercado do seguro automóvel seria provavelmente menos eficiente.

No campo do politicamente correcto, nomeadamente o combate à discriminação, a Airbnb tem assumido um papel de liderança. A plataforma de partilha de casas e quartos compromete-se a implementar regras de não discriminação mais estritas do que as que se encontram nas leis dos países mais avançados neste campo.

A intenção da empresa é louvável. No entanto, posturas tão drásticas como esta correm o risco de fazer mais mal do que bem. Esse é o caso, por exemplo, com a regra — incluída na página em inglês da Airbnb — que o anfitrião não pode declinar uma reserva com base na idade dos hóspedes.

Consideremos o dono de uma casa em Torremolinos. Meia dúzia de alunos universitários pretendem arrendá-la por alguns dias como parte de uma viagem de finalistas. Estatisticamente, as viagens de finalistas representam uma operação de alto risco para o proprietário.

Pessoalmente, preferiria não ter nenhum hóspede do que ter uma festa em que a combinação de álcool, juventude e distância do país de origem normalmente leva a resultados péssimos.

Nestas condições, a tentativa de tornar o mercado mais justo pode resultar na eliminação do mercado.

O problema da discriminação não se limita à Airbnb. Se as seguradores fossem obrigadas a fixar os mesmos prémios independentemente da idade, o mercado do seguro automóvel seria provavelmente menos eficiente. E não é evidente que fosse mais justo.

Há diferenças estatísticas que justificam um certo grau de discriminação. Um jovem de 18 anos que afinal é um excelente condutor sente-se discriminado por ter de pagar um prémio superior. Em certo sentido, tem de pagar pela inexperiência média do grupo a que pertence, é uma vítima da idade que tem. No entanto, a alternativa seria provavelmente ainda pior.

Em última análise, é uma questão de bom senso.

Comentários
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  • João Lopes
    02 jun, 2017 Viseu 10:01
    Artigo muito interessante do Prof Luís Cabral!