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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Mais transparência no malparado

13 abr, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As finanças das famílias evoluem melhor do que as das empresas e as do Estado.

O Governo conseguiu um défice orçamental de 2% do PIB no ano passado, o que é um bom resultado. Não foi tão favorável a diminuição do chamado défice estrutural (apenas uma décima de descida em 2016), ou seja, o défice expurgado das variações da conjuntura económica. E sem medidas não repetíveis, segundo o Conselho das Finanças Públicas, o défice não estrutural ficaria em 2,5% em 2016, mesmo assim cumprindo a meta fixada pela Comissão Europeia.

Nos próximos anos, lembra o Conselho, o défice estrutural terá de ser reduzido em 2,3 pontos percentuais, para atingir no médio prazo um excedente de 0,25% do PIB. O grande problema é a dívida pública, que voltou a subir em 2016 (descera em 2015), aumentando quase dez mil milhões de euros, o que piora a perspectiva de agravamento de encargos para o futuro com juros e amortizações.

Já as famílias receberam mais crédito dos bancos em Fevereiro deste ano, porque nesse mês o malparado das famílias baixou para níveis de 2012. Segundo o Banco de Portugal, o crédito malparado à habitação desceu, mas o malparado em empréstimos ao consumo mantém-se elevado – o que não é positivo.

A situação mais negativa encontra-se nas empresas, cujo nível de malparado é superior ao das famílias. Por isso não surpreende que, em Fevereiro passado, a concessão de crédito às empresas nacionais tenha recuado para 1.831 milhões de euros, comparados com 2.265 milhões em Janeiro.

Portugal é o quarto país da zona euro com maior percentagem de crédito malparado. Cerca de 23% do crédito bancário concedido é de risco. Como não há milagres no crédito e o malparado não desaparece por magia, o Governo pretende, agora, que a supervisão obrigue os bancos a retirarem dos seus balanços os créditos de cobrança improvável, aplicando-lhes sanções se não o fizerem. Será, pelo menos, um passo no sentido da transparência.

Comentários
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  • Bento Fidalgo
    14 abr, 2017 Agualva 10:32
    Começa a ser ridículo. este chover no molhado. É lógico que todos têm razão. O estado gasta mais do que recebe-Má gestão. O estado endivida-se mais a cada mês. Culpa de quem? Dos partidos todos, porque no privado, quando não se paga, lá vem o tribunal chatear, no estado quando não paga, o tribunal1 não vai buscar as casinhas, carrinhos e férias aqueles que receberam o tal dinheiro que foi pedido emprestado para todos pagarmos. Os políticos e pessoal do estado também pagam? É verdade mas, eles recebem mais 100 e descontam mais 5 ou 10 e ficam com 90 mas o resto do pessoal paga também mais 5 ou 10 sem ter recebido nada. Temos 230 deputados, 300 e tal conselhos, milhares de gestores do estado, tudo à farta mas, nenhum partido está interessado em reduzir os tachos dos boys. Assim, bem podem expor os conhecimentos tecnico contabilísticos uns aos outros com retribuição de culpas mas, já não enganam nem confundem ninguém. Temos uma mafiocracia declarada que ainda há quem queira pintar de democracia honesta, justa e responsável.
  • PUF
    13 abr, 2017 Cegões 18:23
    Sr Cabral a cartilha da dona Teodora está desatualizado aliás eu gosto mais da cartilha do João de Deus essa ao menos ajudava a ler e escrever português.
  • Basta
    13 abr, 2017 Olhão 18:18
    MAIS TRANSPARÊNCIA NA ESCRITA. Sr Cabral vamos aos dados da evolução da dívida líquida. DADOS DO BdP. DEZEMBRO 2010 158.736 mil milhões Idem 2011 170.904 idem 2012 187.900 Idem 2013 196.304 Idem 2014. 208.195 Idem 2015. 218.093 Idem 2016. 223.881 Fevereiro 2017. 223 404 VARIAÇÃO DIÁRIA DA DÍVIDA LÍQUIDA 2011. 33.336.996 2012. 46.437 158 2013. 23.024 658 2014. 32.394.531 2015. 26.065.753 2016. 15.814.208 2017. 14.189.041 Últimos 12 meses terminados em Fevereiro/2017. EM FEVEREIRO 2017 OS DEPÓSITOS AUMENTARAM CERCA DE 49M€ FICANDO PERTO DOS 22.7 MIL MILHÕES. NO FINAL DE FEVEREIRO DE 2016 O AUMENTO É CERCA DE 3.6 MIL MILHÕES. Nota final: CADA UM FAÇA A SUA ANÁLISE.
  • Justus
    13 abr, 2017 Espinho 18:05
    Mais transparência também naquilo que escreve, Sr. Sarsfield Cabral. O crédito malparado nas empresas vem já de trás, dos governos anteriores a este, designadamente do governo de Passos Coelho. Se a dívida pública desceu um pouco em 2015, em 2012, 2013 e 2014 subiu assustadoramente, a tal ponto que a dívida atual é aquela que nos foi deixada por P. Coelho. Omitir isto, propositadamente, e estar sempre a falar e escrever como se fossem deste governo situações e factos que lhe são completamente alheios é ser intelectualmente desonesto e mal intencionado. Já conhecemos muito bem estas espertezas de quem apenas pretende atingir este governo e, por isso, distorce sempre os factos e a realidade. Mesmo aquilo que é evidente e não pode ser adulterado, como o défice, o desemprego, a melhoria de vida dos portugueses, há sempre em Sarsfield Cabral e outros mal intencionados uma forma de tentar menosprezar: "conseguiram, mas não vão conseguir mais, porque isto não se repete". É a desculpa dos ressabiados, dos invejosos, dos incompetentes. E como não têm mais nada para dizer nem argumentos para rebater os bons resultados do governo vão repetindo dia sim, dia sim estes seus desejos de insucesso governamental. O pior para eles é que quanto mais repetem mais as coisas melhoram. Vejam o défice. Dizia-se que era de 2,1% e agora ficou em 2%! E, conhecendo este dado novo, deveriam corrigir o que antes disseram, isto é, que o défice sem medidas extraordinárias ficaria nos 2,4% e não nos 2,5%.
  • Horacio
    13 abr, 2017 Lisboa 13:52
    Sem cortar a despesa do governo e a corrupção em geral fica difícil atingir qualquer meta. Só quando o governo por a casa em ordem e que pode servir de exemplo para os privados . O governo anterior estava no caminho certo . Vamos ver se este vai ser responsável ou tirar o país da estrada para a recuperação..