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Luís Cabral
Opinião de Luís Cabral
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O sonho americano

07 abr, 2017 • Opinião de Luís Cabral


Milhares e milhares de imigrantes chegam às terras do Tio Sam com pouco mais nas mãos do que o sonho de um vida melhor.

O sonho americano ("the American dream") é uma expressão ainda muito corrente nos Estados Unidos. Desde há séculos, milhares e milhares de imigrantes chegam às terras do Tio Sam com pouco mais nas mãos do que o sonho de um vida melhor.

Muitos temem que, durante o consulado de Trump, a situação mude significativamente, e com razão: tal como muitos outros políticos populistas, a promessa do proteccionismo é um dos pilares da plataforma do presidente: tanto o protecionismo no que respeita às importações como o proteccionismo no que respeita à imigração.

No entanto, o trabalho de Raj Chetty e outros colegas economistas sugere que o desmoronamento do sonho americano não é coisa de agora: é algo que começou há décadas. Chetty começa a sua apresentação com um gráfico muito elucidativo: a percentagem de americanos que atingem um nível económico superior ao dos seus progenitores. Em 1960, cerca de 90% dos americanos eram mais ricos do que os pais! Um valor altíssimo e que corresponde, de alguma forma, à ideia do sonho americano.

Desde então, esta percentagem tem diminuído paulatinamente, ficando-se hoje em dia pelos 50%. É como atirar uma moeda ao ar: cada americano pode estar melhor ou pior que os seus pais, cada possibilidade com igual probabilidade.

Em parte, isto deve-se a menores taxas de crescimento. Durante muitas décadas, os americanos habituaram-se a 2%. Agora têm de viver com 1% ou menos.

No entanto, Chetty mostra que a quebra do crescimento apenas explica uma pequena fracção da quebra do sonho americano. O principal factor prende-se com a concentração dos benefícios do crescimento. Fossem esses distribuídos de forma semelhante ao que eram, digamos, em 1970, então a percentagem de americanos em situação melhor que os seus pais seria mais próxima dos 90% do que dos 50%.

O crescimento da desigualdade é, claramente, um dos grandes problemas do Século XXI.

Comentários
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  • Jesus 13/1198
    08 abr, 2017 apalavravivadeDeus.com.br 19:14
    As maiores potências comandadas pelos homens são ruínas para si próprio. Eu, Jesus, Sou a força do amor e Meu amor é infinito. Vejo que duas nações querem criar a ordem na Terra pondo medo em todo o mundo. Países pequenos eles querem dominar, com a ameaça de suas bombas e o alto valor de sua potência. Fazem a história dos pequenos países como eles querem. Bento, Meu querido filho, hoje, vou te falar sobre a Rússia e os USA. Eles se aliaram para amedrontar o resto do mundo: um faz guerra e o outro garante com o seu dinheiro; um briga com a sua própria gente e o outro manda ajuda. As leis deles eram separadas, mas, agora, se juntaram com a mesma idéia. Fiz tudo o que Eu pude para a Rússia se arrepender do que estava fazendo, dei os sinais para eles começarem vida nova. Eles deram uma pequena pausa, mas não foi o suficiente para os Meus desígnios de Rei entrar lá, e fazer eles entenderem a Minha Paz. As raízes deles não foram totalmente eliminadas e eles voltaram a crescer. Novamente plantei ali um pouco do Meu Amor, mas os Estados Unidos, verdadeiro adversário da Rússia, comprou a briga e juntaram-se para fazer pânico no mundo inteiro. Dominado pelo diabo que só quer ver sangue derramado na Terra. A potência deles é terrível e o que eles têm escondido para os olhos da humanidade é assustador. Hoje, eles estão como dois irmãos queridos; amanhã eles irão se enfrentar causando pânico no mundo inteiro, porém, a justiça é Minha e Eu, Jesus, só permitirei o que está escrito.
  • MASQUEGRACINHA
    07 abr, 2017 TERRADOMEIO 17:18
    O célebre sonho americano não está a desmoronar-se: está em autofagia. O sonho americano, fundamentado no conformismo, na absorção, na atribuição de carga positiva a valores como a ganância, a cupidez, a avareza, a ânsia do poder, e respectivas meritocracias, defendido através da também célebre "oportunidade" - do chico-espertismo, do egoísmo, do roubo, do assassínio, da segregação, da manipulação, de um chão e brutal darwinismo social, pois o sonho americano devora-se a si mesmo. O sonho americano esteve sempre inquinado, e mesmo naquilo que tem de colorido, alegre e libertário, lavra sempre, imparável, a inicial podridão. O sonho americano e respectivos folclores de méritos, sucessos e oportunidades, mais não é do que levar à prática o que de pior existe na natureza humana - de que o conformismo e a estupidez não são parte menor : veja-se a espantosa enormidade dos sem-abrigo e da pobreza feia, porca e má, a crueza com que se descarta quem não tem seguro de saúde, a aberração do descontrole das armas para consumo privado, as bizarrias das seitas religiosas e cripto-religiosas, a idolatria pelos ricos, nem que sejam tristes figuras constrangedoras, o patriotismo aprendido por condicionamento salivante, exibicionista e infantilóide... Com todas as suas tentações e colorido, o sonho americano é, afinal, tudo aquilo que não devíamos ter sido, para não estarmos como estamos: mais desiguais, em decadência civilizacional, até à beira do abismo do fim da espécie.
  • João Lopes
    07 abr, 2017 Viseu 10:14
    Artigo interessante!