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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Quem semeia ventos...

31 jan, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Uma política assente no ódio suscita ódio, que cresce no mundo contra a América.

Sem ouvir nem sequer informar os departamentos competentes da administração pública norte-americana, o Presidente Trump proibiu a entrada nos EUA de refugiados sírios. E suspendeu o acolhimento de nacionais de sete países de maioria muçulmana.

Curiosamente, entre estes não está incluída a Arábia Saudita, de onde eram oriundos não só Osama bin Laden como a maioria dos terroristas do 11 de Setembro de 2001.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, apressou-se a declarar que o seu país acolheria aqueles a quem Trump fechou a porta. Horas depois, seis muçulmanos eram assassinados quando rezavam numa mesquita no Quebeque. É o terrorismo antimuçulmano. Quem semeia ventos, colhe tempestades...

A ordem de Trump é provavelmente ilegal e até anticonstitucional: os tribunais decidirão. Pior é a mensagem de ódio que as posições de Trump contêm. E que não visam apenas os muçulmanos: recordem-se os vergonhosos insultos que o novo presidente dirigiu aos mexicanos.

Uma política assente no ódio suscita ódio, que cresce no mundo contra a América. A única superpotência, líder da democracia liberal, está a tornar-se menos democrática e sobretudo menos liberal. O mundo está agora mais perigoso.

Comentários
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  • J
    31 jan, 2017 Lisboa 21:25
    O desenrolar de tudo isto vai ser rápido ... Continuem a incensar o Sr. Trump ...
  • MASQUEGRACINHA
    31 jan, 2017 TERRADOMEIO 19:05
    Trump e pessoas como Trump estiveram sempre no poder - eles são, de facto, o poder, o verdadeiro poder, os que fomentam guerras por causa do petróleo e da indústria das armas, os que escondem e atrasam as inovações médicas e tecnológicas que lhes ponham os negócios em causa, os que não pagam impostos astronómicos através de off-shores e contas invioláveis e fundações manhosas, os que desprezam os pobres e os fracos exactamente por serem pobres e fracos, os que põem e dispõem do poder político e judicial, que manobram e corrompem a economia, que manipulam a informação e gozam com a democracia. Quais presidentes! O poder são eles, no mundo inteiro e nos EUA em particular - essa pátria assumida do "mérito" e da "oportunidade". Dado o carácter histriónico de Trump, amplamente comprovado pelos seus espectáculos na TV e pela rábula revisteira que faz de cada vez que bota assinatura ou atende o telefone, limitou-se a sair do armário, se já era ele que mandava, por que não fazê-lo? Ele é, de facto, o culminar de um sistema a cair de podre, e tem o lado positivo de ter trazido a podridão para as luzes da ribalta. E não só: iluminou também as profundas fraquezas imunitárias desse mesmo sistema, que começa a parecer uma barata tonta depois de levar com insecticida. Quanto tempo demorará Trump a perceber que, também ele, não passa de um idiota útil? Ou será que já o sabe, e até se orgulha disso? Quanto tempo demorará a América e o mundo a perceber com o que está a lidar?
  • João Galhardo
    31 jan, 2017 Lisboa 13:10
    O Professor Sarsfield Cabral esqueceu-se de mencionar que foi a administração de Obama que delineou os sete países de muçulmanos, com ordem para banir dos EUA. Também se esqueceu de reflectir acerca de uma das últimas decisões da administração de Obama que foi a deixar as poderosas agências de habitação tomarem conta deste mercado, deixando muitos arrendatários pobres ainda com mais problemas. Sobre a ordem de banir do país muçulmanos, é estranho que todos estes países, sejam aqueles que os americanos bombardearam e maltrataram, com as suas guerras, nos últimos dezasseis anos. Ao mesmo tempo, sem que a comunicação social informe, Donald Trump mandou o exército americano intervir no Iémen. Com a desculpa da «Al-Qaeda», foram mortos vários houtis, incluindo civis e crianças. Donald Trump considerou esta intervenção um sucesso.
  • Vasco
    31 jan, 2017 Santarém 12:31
    Pois é, só que Trump é na prática o fruto de governações incompetentes e irresponsáveis onde tudo valeu e isto acabou por criar muita insegurança a todos os níveis nos cidadãos de muitos países, será que se ouve alguém questionar ou criticar quem foram os responsáveis pelo começo da guerra na Síria? Todos devemos estar recordados das primaveras árabes que com tanto fervor e alegria eram anunciadas em todos os órgãos de comunicação diariamente, na Tunísia depois de várias mortes e destruição a coisa parece ter acalmado até porque já era por natureza um país mais aberto ao mundo ocidental, no Egipto deu guerra entre duas fações pelo menos com poderes alternados e muitas mortes e destruição pelo meio, na Líbia deu no assassinato do Kadhafi mais em milhares de mortes e destruição do país que penso estar ainda dividido em dois, na Síria as consequências foram até aos limites que todos conhecemos com a resistência do Assad e até hoje não vi ninguém assumir as responsabilidades de toda esta engrenagem nesta região e que eu saiba o Trump não estava no Poder, se ele também por seu lado levar a dele avante teimando eliminar o EI no seu habitat possivelmente vai cometer mais um erro encima dos já existente com muitas mortes e despesas, defender as suas fronteiras parece ser a maneira mais prática e segura e entretanto talvez os cães deixem aos poucos de ladrar.
  • Ricardo MArtins
    31 jan, 2017 Lisboa 11:49
    O Dr. Cabral esqueceu-se foi de dizer que o maravilhoso Obama foi tão só o presidente que mais pessoas deportou dos USA.
  • MASQUEGRACINHA
    31 jan, 2017 TERRADOMEIO 08:47
    Quando comecei a ler o artigo, supus que o semeador de ventos em causa fosse o Trump - mas não, são os muçulmanos quem está a colher as tempestades semeadas pelos terroristas muçulmanos. É assim, em toda a sua gloriosa estupidez, que a lei natural da coisa funciona, como os fungos se seguem aos pés mal lavados. Tem trágica razão o articulista, pois. Na sequência do escrito, infere-se que também Trump se dedica à semeadura, e, ao bom estilo americano, em larga escala, monocultura mecanizada e grão transgénico. Trump, para lá da mais que evidente personalidade desviante, verdadeiro exemplo clínico dos pecados da ganância e do orgulho, tem muito para provar aos seus apoiantes hiper-alternativos - que começam, aliás, a ocupar lugares-chave no poder, com uma alacridade sôfrega, preparando-se para exatamente o quê? Estado de emergência, guerra civil...? Trump e sus muchachos semeiam tornados e todos nós colheremos furacões.
  • Miguel Botelho
    31 jan, 2017 Lisboa 08:39
    Esta lei que proiba a entrada nos EUA de refugiados sírios e suspendia o acolhimento de nacionais de sete países de maioria muçulmana, foi delineada pela administração Obama. Donald Trump apenas a executou. Na verdade, foi a administração de Obama que teve a ideia levada à prática por Trump. O que tivemos na América foi um lobo vestido com a pele de cordeiro (Obama). Agora temos um lobo, vestido com a pele de lobo.