12 jan, 2017
O ministro das Finanças considerou “um efeito temporário” a recente subida dos juros da dívida pública portuguesa. Efeito, segundo Centeno, de factores externos – como a incerteza internacional e a baixa liquidez no mercado no fim do ano. O ministro não referiu factores internos que expliquem pagar a dívida portuguesa juros muito superiores aos da dívida espanhola ou italiana. Também não aludiu à limitação das compras pelo BCE da nossa dívida.
Entretanto a Comissão Europeia divulgou uma análise que sublinha a degradação da dívida pública portuguesa em 2016. A médio prazo o risco é mesmo alto.
O que se confirmou ontem, na emissão de dívida a 10 anos, pagando um juro de 4,3%, contra menos de 3% há um ano. É o juro mais elevado desde a saída da troika.
Mas justificou-se a emissão de ontem. Porque parte do dinheiro servirá para abater a dívida ao FMI, que cobra um juro de 4,6% - superior ao juro da emissão. E também porque tudo indica que, por razões externas e internas, os juros exigidos pelos investidores ao Estado português vão continuar a subir. Não é, infelizmente, uma alta momentânea.