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​Pais fecham escola de Beja em protesto contra falta de auxiliares

06 fev, 2017 - 12:44

Rácio legal é cumprido mas os pais garantem que há, por exemplo, alunos com deficiência que não vão ao recreio por falta de auxiliares.

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Pais de alunos fecharam, esta segunda-feira, a cadeado os portões da Escola Básica de Santiago Maior, em Beja, em protesto contra a falta de auxiliares, que tem provocado vários problemas, como o aumento de casos de violência.

O fecho dos portões da escola, num protesto promovido por pais com o apoio da Associação de Pais e Encarregados de Educação, impediu os alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico de terem aulas no 1.º período da manhã e os do 2.º e 3.º ciclos de comparecerem às primeiras aulas desta segunda-feira.

Após a intervenção da PSP, responsáveis da associação de pais retiraram os cadeados e abriram os portões de acesso ao edifício onde funcionam as aulas dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e ao Centro Educativo do 1.º ciclo.

Em declarações à agência Lusa, Sofia Monteiro, da associação, explicou que o protesto serviu para "mostrar o mal-estar crescente e denunciar os problemas que pais têm vindo a reportar desde o início do ano lectivo devido à falta de auxiliares" na escola.

A falta de vigilância e de acompanhamento de alunos nos intervalos das aulas, o que "vai dando origem a casos de violência" entre alunos, que têm "aumentado", e de "crianças que acabam por ficar perdidas", é um dos problemas denunciados por Sofia Monteiro.

Segundo a responsável, devido à falta de auxiliares, há problemas de higiene e limpeza dos espaços, na portaria e "caos no refeitório" do Centro Educativo do 1.º ciclo, porque "não há funcionários suficientes para apoiar as crianças na hora das refeições e algumas acabam por não comer em condições".

Sofia Monteiro denunciou também casos de alunos com necessidades educativas especiais, como o seu filho, de 10 anos, com deficiência, que "não têm direito a intervalo e têm de ficar nas salas de aula porque não há funcionários para os acompanhar".

Segundo Sofia Monteiro, desde o início do ano lectivo que a associação de pais tem reportado os problemas à direcção do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Beja, do qual a Escola Básica de Santiago Maior faz parte, e aos serviços do Alentejo da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE).

No entanto, "a reposta tem sido sempre a mesma: o Agrupamento de Escolas n.º 1 de Beja cumpre o rácio de pessoal não docente e não há mais auxiliares para colocar", lamentou, referindo ter sido esta a informação que a associação de pais recebeu na semana passada do director dos serviços do Alentejo da DGEstE.

Por isso, alguns pais organizaram-se de "forma espontânea" e com o apoio da Associação de Pais e Encarregados de Educação fizeram o protesto desta segunda-feira e "provavelmente irão fazer outros se não houver uma resposta satisfatória às suas exigências".

Em declarações à agência Lusa, o subdirector do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Beja, José Ferro, disse que a direcção do agrupamento está "preocupada" com a situação e "compreende a posição dos pais", mas "não tem capacidade de reposta".

Para os pais, o actual número de auxiliares da Escola Básica de Santiago Maior "é um problema", mas para o Ministério da Educação o Agrupamento de Escolas n.º 1 de Beja "cumpre o rácio e até ultrapassa em três o número de funcionários que devia ter de acordo com a lei", disse José Ferro.

"O agrupamento faz o que pode. De acordo com o rácio, há três auxiliares a mais no agrupamento, mas a realidade é que não tem capacidade para dar resposta às necessidades", disse José Ferro.

Segundo José Ferro, a direcção do agrupamento "não pode transferir mais funcionários" para a Escola Básica de Santiago Maior, porque "o cobertor é curto e quando tenta tapar a cabeça destapa os pés e quando tenta tapar os pés destapa a cabeça".

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