21 out, 2016
É característico do capitalismo actual o abismo crescente entre as remunerações dos gestores de topo e os salários da maioria dos trabalhadores. Paradoxalmente, essa diferença era bem menor há um século, quando o Estado social ainda não passava de uma aspiração e imperava um capitalismo selvagem. A banca é hoje um dos sectores onde a diferença de vencimentos é mais chocante, até porque o negócio bancário é agora menos lucrativo.
Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha tem havido iniciativas de accionistas para limitarem exageros nas remunerações dos gestores de topo. Já a limitação, através da lei, do que ganham gestores privados é excluída, por configurar uma abusiva interferência na liberdade empresarial.
A Caixa Geral de Depósitos é um banco público, do Estado. Só que baixar o vencimento dos seus gestores para níveis abaixo do que ganham os gestores de bancos privados dificultaria o recrutamento de administradores de qualidade e, portanto, a capacidade competitiva da CGD. O que sairia caro a todos nós, contribuintes. Daí que o Governo tenha escolhido o mal menor.