30 set, 2016
A entrada tardia de Kristalina Georgieva na corrida ao lugar de secretário-geral da ONU não é inesperada nem ilegal, face às estranhas regras da nomeação do sucessor de Ban Ki-Moon. Mas, se ela ganhar (o que não é certo), será uma injusta “vitória na secretaria”, que em nada contribuirá para o prestígio da ONU.
Naturalmente que, para nós portugueses, este golpe nada ético nem transparente suscita revolta, porque António Guterres se tinha largamente destacado como o mais provável candidato vencedor. Tanto mais porque na candidatura de Georgieva terá trabalhado longos meses um português, Mário David, que se move no quadro do Partido Popular Europeu.
Mas a candidatura de Georgieva também revela a decadência da Comissão Europeia, da qual ela era vice-presidente, com o pelouro do Orçamento comunitário. Na presente e grave crise da integração europeia a vontade de Georgieva de trocar a Comissão da UE pela ONU parece sobretudo uma fuga. Ainda por cima com a bênção de Juncker, um Presidente com telhados de vidro.