A força dos fortes chega-lhes de algo superior à vontade, mas à qual podem ou não dizer que sim. Esta fortaleza é um dom que pressupõe um conjunto de sofrimentos incomuns. Afinal, o céu só se alcança com muita persistência, firmeza e coragem.
Nunca é fácil afrontar perigos e adversidades, vencer duros trabalhos, sofrer dores, desgostos e tormentas. Batalhas que se sucedem e que violentam ainda mais por não darem tréguas para que haja descanso... e sempre de olhos abertos.
Mas nem o dobro da força de todos os tiranos chegará, alguma vez, para vencer a fortaleza da alma de um justo.
Não se julgue que o interior de alguém bom é um paraíso. Antes sim, um teatro de guerras sem fim. Eis porque a constância no coração é tão importante quanto a coragem. Vacila, mas não cede. Desanima, mas não desiste. Sofre, mas não morre... porque partilha com os outros as dores da vida... entregando-se, com sentido, até à morte.
Um forte é e será sempre um forte, enquanto o puder e quiser ser, não importa que se sinta fraco, nem que o tenham abandonado ou sequer que ninguém lhe reconheça a importância. O seu dom é maior do que qualquer outro. Este dom é o amor.
E se poucos são dignos do amor que lhes foi dado e habita em si são, no entanto, os suficientes para que haja esperança e sentido neste mundo.
Quando o mundo assiste – egoísta – sem nada fazer à morte de um destes... é o mundo que perde. A morte de um valente faz desabar a parte do chão que ele antes segurava.
Amar é saber de si somente depois da sua entrega ao outro. É ser firme na fé, mesmo depois de se perderem todas as forças que se gastam.
O amor é a força dos fortes.
((ilustração de Carlos Ribeiro)