26 jul, 2016
Quando os políticos não querem fazer reformas ou tomar medidas impopulares, recorrem frequentemente a mudar as palavras, como se tal representasse qualquer alteração séria. Exemplo disso, que já aqui mencionei, foi a “extinção” da PIDE por Marcello Caetano, passando a chamar-lhe Direcção Geral de Segurança (DGS).
António Costa tem vindo a proclamar insistentemente o fim da austeridade. Virou-se a página da austeridade, repete Costa. Mas existem cativações no Orçamento deste ano, isto é, despesas públicas que poderão não ser concretizadas. Se tal acontecer, como tudo indica, teremos mais austeridade, embora sem esse nome.
Um problema adicional é que o discurso do fim da austeridade incentivou as famílias a consumirem mais, até porque muitas têm mais dinheiro nos bolsos. Pela primeira vez desde que há registos, no primeiro trimestre de 2016 a poupança das famílias portuguesas foi negativa. Mas nem por isso a economia cresceu, pelo contrário: o crescimento económico abrandou. Cresceram as importações, com reflexos negativos nas contas externas.
Mudar as palavras também tem um preço.