27 mai, 2016
O desporto favorito das nossas elites dirigentes (em que incluo parte da nossa chamada classe política, lideres de opinião, etc.) é clamar contra a falta de solidariedade europeia, contra o vazio de liderança na Europa, contra a perda do espírito europeu e por aí fora. Armam-se em últimos defensores dos valores europeus e exigem mais Europa, o quer que isso signifique, se é que significa alguma coisa.
Na realidade, são patéticas, escondendo que o seu espírito europeu não vai muito além da exigência de mais fundos estruturais.
Enquanto assim se distraem e desviam a atenção de quem ainda lhes presta alguma, deixam que os Portugueses enfrentem sozinhos uma realidade que os esmaga, que não compreendem e que, crescentemente, lhes vai retirando futuro.
Porque a realidade nua e crua é esta: Portugal está envolvido num projecto europeu que não lhe dá nenhumas possibilidades de progresso e que dia após dia cria novas restrições e subordinações que põem em causa inclusivamente a sua sustentabilidade enquanto país soberano assim reconhecido pela comunidade internacional.
Quando um país está seguir um rumo de desastre é dever das elites dirigentes avançar com alternativas exequíveis que reponham a esperança e dêem perspectivas de futuro.
Deixem-se de fantasias retóricas sobre o espírito europeu, que não são mais que a imagem da vossa própria acomodação e lembrem-se que têm uma enorme responsabilidade em relação a dez milhões de Portugueses!
Se não estiverem à altura dessas responsabilidades, como infelizmente não têm estado, não alimentem ilusões: serão sumariamente dispensadas do Presente e serão despedidas da História.
Com justa causa.